| Por ele mesmo Itália, 2 de outubro de 1992
Pinturas Eletrônicas
Todas as nossas imagens foram transferidas para uma fita de alta- definição e depois processadas digitalmente, algumas delas para mais de cem efeitos e geradas de formas diferentes. Sean Naughton e eu enviamos essas imagens de todas as maneiras de manipulação possíveis, via paint-box, matte-box, corretores de texto e todo artifício possível no livro. Nossa idéia era apresentar as funções cerebrais do sono de uma maneira misteriosa, cacofônica, incontrolada e auto-regulada, um semi-armazenamento de imagens, uma profecia ou poesia semivisionária. Então também tentamos desencadear o meio eletrônico e descobrir o que aconteceria com todos os milhões de pixels de cada imagem se nós os deixássemos livres, ou se apenas os controlássemos com a mesma espontaneidade de um pintor ao usar seus pincéis, seu pastel ou suas cores.
No decorrer dessa aventura, pouco a pouco começamos a compreender o mecanismo interno do processo digital e, depois de um período de frustração, fracasso e desapontamentos, a tela de alta-resolução começou a nos mostrar figuras impressionantes: em cores vivas e com brilho e definição incríveis, ali estavam as mesmas imagens com as quais havíamos iniciado, mas elas haviam adquirido uma qualidade singular. Sentimos que nessa série de alta tecnologia fomos realmente 'visitados' por alguns pintores. Os impressionistas ali se apresentavam, acompanhados não só por pintores pontilhistas mas também por cubistas e abstratos. Turner estava ali representado, Renoir e Seurat podiam ser vislumbrados, Degas vagava pela tela, Picasso e Kandinsky circulavam, e uma imagem era até mesmo chamada de "nossa Mona Lisa eletrônica". Não que desejássemos nos orgulhar de ter, de algum modo, 'pintado' como esses mestres: isso seria absurdo. Mas estávamos orgulhosos de ter realizado um trabalho pioneiro e de mostrar que o vídeo de alta-definição tinha amplas possibilidades artísticas que certamente poderiam enriquecer o cinema e por fim se tornarem a imagem-linguagem do século XXI. E talvez pudéssemos provar que, no futuro, os pintores poderiam trabalhar com esse meio.
| |
| |
| Wim Wenders nasceu em 14 de agosto de 1945, em Düsseldorf, Alemanha. Em 1964-65 estudou medicina e filosofia. Em 1966-67 residiu em Paris. De 1967 a 1970, freqüentou a Academia de Cinema e Televisão de Munique. De 1968 a 1972, trabalhou como crítico de cinema para a Filmkritik e a Süddeutache Zeitung. Em 1971, foi um dos fundadores do Filmverlag der Autoren. Em 1975, formou a produtora Road Movimo. Em 1984, tornou-se membro da Akademie der Künste, em Berlim, e em 1989 defendeu tese de doutorado na Universidade de Sorbonne, em Paris. Em 1991, recebeu o prêmio Friedrich Wilhelm Murnau, em Bielefeld, e foi indicado para presidente da Academia do Cinema Europeu. Desde 1993 leciona, como professor honorário, na HFF (Academia de Cinema e Televisão) de Munique. Em 1995, recebeu o título de doutor pela faculdade teológica da Universidade de Freiburg, na Suíça.
Filmes de curta-metragem
1993-96 Die Gebrüder Skladanowsky, com os alunos da HFF de Munique. 1992 Arisha, the Bear, and the Stone Ring. 1982 Chambre 666; Reverse Angle. 1974 Aus der Familie der Panzerachsen/Die Insel. 1969 3 Amerikanische LP's; Alabama: 2000 Light Years. 1968 Silver City; Polizeifilm. 1967 Same Player Shoots Again; Schauplätze, perdido.
Filmes de longa-metragem
1995 Par delà des nuages (Além das nuvens), com Michelangelo Antonioni. 1994 Lisbon Story. 1993 In weiter Ferne, so Nah! (Tão longe, tão perto!) 1992 Bis ans Ende der Welt (Até o fim do mundo). 1989 Aufzeichnungen zu Kleidern und Städten (Livro de anotações sobre cidades e vestimentas). 1987 Der Himmel über Berlin (Asas do desejo). 1985 Tokyo-Ga. 1984 Paris, Texas. 1982 Hammett; Der Stand der Dinge (O estado das coisas). 1980 Nick's Film - Lightning over Water. 1977 Der Amerikanische Freund (O amigo americano). 1976 Im Lauf der Zeit (No passar do tempo). 1975 Falsche Bewagung (Falsa mudança). 1973 Alice in den Städten (Alice nas cidades). 1972 Der Scharlachrote Buchstabe (A carta escarlate). 1971 Die Angst des Tormanns beim Elfmeter (O goleiro e o medo do pênalti). 1970 Summer in the City (Verão na cidade), dedicado aos Kinks.
Prêmios
1995 Prêmio de Prata de curta-metragem alemão, Primeiro Ato, The Skladanowsky Brothers. 1993 Tão longe, tão perto!, dois prêmios: Grande Prêmio do Júri, Cannes, França; Prêmio de Cinema da Bavária (melhor diretor), Alemanha. 1992 Até o fim do mundo, Prêmio de Ouro da Associação, melhor filme alemão. 1991 Prêmio Friedrich Wilhelm Murnau. 1987/88 Asas do Desejo, sete prêmios: Prêmio de Melhor Diretor, Cannes, França; Prêmio do Cinema Europeu, melhor diretor; Prêmio de Ouro do Cinema Alemão, melhor diretor, Alemanha; Prêmio de Cinema da Bavária, melhor diretor, Alemanha; Prêmio dos Críticos de Cinema de Los Angeles, melhor filme estrangeiro e melhor fotografia, Estados Unidos; Prêmio do Círculo de Críticos de Cinema de Nova York, melhor fotografia, Estados Unidos. 1984/85 Paris, Texas, quatro prêmios: Palma de Ouro, Cannes, França; Prêmio da Academia Britânica, melhor diretor; Prêmio dos Críticos de Cinema da França; Prêmio de Prata do Cinema Alemão, melhor produção. 1982 O estado das coisas, dois prêmios: Leão de Ouro-Prêmio Fipresci, Veneza, Itália; Prêmio de Prata do cinema alemão, melhor produção. 1981 Nick's Film - Lightning Over Water, Prêmio de Prata do cinema alemão, melhor produção. 1978 O amigo americano, dois prêmios: Prêmio de Ouro do cinema alemão, melhor diretor; Prêmio de Prata do cinema alemão, melhor produção. 1976 No passar do tempo, Melhor filme do Festival de Cinema de Chicago, Estados Unidos. 1975 Falsa mudança, Prêmio de Ouro do cinema alemão, melhor diretor. 1972 O goleiro e o medo do pênalti, Prêmio dos Críticos de Cinema de Veneza, Itália.
Mostras de fotografia
1995 Una Volta, exposição itinerante em dois locais: FNAC, Berlim, Alemanha; Villa Rufolo, Ravello, Itália. 1994 Sala Parpallo Palau Dele Scala, Valença, Espanha; Una Volta, exposição itinerante em três locais: Villa delle Rose, Bolonha, Itália; FNAC, Paris, França; Farco, Tóquio, Japão. 1993 Slittamenti, Biennale di Venezia, Itália; Palazzo delle Esposizioni, Roma, Itália; Louisiana Museum of Modern Art, Humlebaek, Dinamarca; Una Volta, Palazzo delle Esposizioni, Roma, Itália. 1992 Written in the West, Städtische Galerie Schwarzes Kloster, Freiburg, Alemanha; Shibuya Seibu Dept. Store, Tóquio, Japão; Kiyomizu Temple Kyoto, Japão; Musée de l'Elysée, Paris, França; Robert Adams-Wim Wenders, Amerika Haus in Berlin, Alemanha. 1991 Hochschule für Fernsehen und Film, Munique, Alemanha; Fahey/Klein Gallery, Los Angeles, Estados Unidos. 1990 Written in the West, Saint-Yrieux-La-Perche, França; Robert Frank-Wim Wenders, Galerie Marie-Louise, Wirth, Zurique, Alemanha. 1989 PPS. Galerie F.C. Gundlach, Hamburgo, Alemanha. 1988 Written in the West, exposição itinerante em quatro locais: Editoriale Jaca Book, Milão, Itália; Film Society of Miami, Estados Unidos; Goethe Institute, Estocolmo, Suécia; Goethe Institute, Copenhague, Dinamarca. 1987 Written in the West, Encontros de Fotografia, Coimbra, Portugal. 1986 Written in the West, Centro Georges Pompidou, Paris, França.
Exposição individual como pintor
1995 Wim Wenders Bildermacher, Mostra do Instituto de Cinema de Düsseldorf, Alemanha.
| |
|
|