| Por Helena Dermakova
Texto extraído de "Os espaços laranjas de Ojars Petersons", Riga, novembro/ 1993
Hoje, no início dos anos 90, Ojars Petersons é menos conhecido como um desenhista 'seco' do que por seus objetos de cor alaranjada; ele é mais conhecido como um ilusionista irônico, como o 'jogador laranja'.
Seu reconhecimento como uma das lideranças artísticas do Báltico tem razão de ser; quando acompanhamos sua carreira compreendemos também por que o artista assim se expressou em uma entrevista: "Todos somos, até certo ponto, com mais ou menos intensidade, laranjas. E temos de nos entender como tal".
Talvez não valha descrever o clima político que cercou o artista desde seu nascimento em 1956, uma vez que a falência desse sistema ideológico e econômico representado pelo império soviético não passou desapercebida a ninguém.
Todavia é importante salientar que o desenvolvimento das artes em Moscou foi diferente daquele observado nas ex-repúblicas soviéticas, especialmente nas repúblicas bálticas.
É muito difundida a versão de que, na União Soviética, a arte conceitual surgiu como uma reação à doutrina do realismo socialista e que ela seria uma paráfrase irônica, as vezes nostalgicamente irônica, da realidade da época socialista; e, ainda, que a arte consistia apenas de obras de artistas como Komar, Melamit, Bulatov ou Ilya Kabakov.
Desde o início dos anos 70, alguns dos mais talentosos defensores do hiper-realismo e do minimalismo tiveram uma ressonância relativamente grande junto ao público letão. Ao mesmo tempo, a arte, que usava uma linguagem formal impregnada pelo modernismo clássico, continuava a existir como um instrumento à disposição do establishment.
O interessante é que, em 1984, Ojars Petersons conseguiu dizer em uma entrevista à maior revista para jovens de seu país: "Parece ter chegado o momento de se ocupar com os problemas artísticos do espaço (ambiente). Eles estão sempre presentes e solucionados: seja na arquitetura, na pintura ou na escultura, mas agora o que tenho em mente é o espaço como ambiente - um ambiente social, ecológico e cultural. Esse seria o espaço criado por artistas em espaços de exposições ou outros (com um determinado efeito emocional)".
A arte de Ojars Petersons amplia o horizonte do improvável e do sujo, algo comum na arte contemporânea. Ela se entremeia em um sistema de comunicação e o expande, criando, assim, seu próprio espaço, o espaço da liberdade. Desde a exposição de 1991, Ojars Petersons lida com a ironia e a ilusão. Conscientemente, ele elege uma situação que deixa claro tanto os limites quanto sua pertinência. Nos últimos anos a cor laranja domina a criação de Petersons. Essa cor também estimula, por mais bizarro que pareça, o pensamento do artista sobre a diversidade existente no mundo. De um lado é a fundamentação universal do ser; de outro, essa cor proporciona a distância irônica necessária.
O fenômeno da arte, sua diversidade e seus segredos, bem como a influência do design em muitas de suas obras-de-arte não a impedem de apontar em direção a momentos sociais.
| |
| |
| Nasceu em Riga, Letônia, em 1956. Entre 1975 e 1980, estudou na Academy of Fine Arts de Riga. Vive e trabalha em Riga.
Exposições individuais
1995 Galerie Bastejs, Riga, Letônia. 1994 Valsts, The Soros Centre of Contemporary Art, Riga, Letônia; IFA-Galerie Friedrichstrabe, Berlim, Alemanha. 1993 Oranger-Player, Galerie Bastejs, Riga, Letônia; Galerie Riga, Letônia. 1992 Schloss Glucksburg, Schleswig-Holstein, Alemanha. 1991 Galerie PUNKT, Hamburgo, Alemanha; Irony and Illusion, Galeria Kolonna, Riga, Letônia. 1990 Galerie NEMO, Eckernförde, Alemanha. 1988 Telephone Conversations, Museum for Foreign Art, Riga, Letônia.
Exposições coletivas
1994 Rundále Castle, Letônia; A Midsummer Night´s Dream, Baltic Biennale, Rauma, Finlândia. 1993 Feeling n. 30, Museum Arsenal, Riga, Letônia; Galerie Horn, Áustria; The Baltic Sea Sculpture Exhibition, Visby, Suécia; Kulturzentrum in Salzau, Schleswig-Holstein, Alemanha; Equi-librium. Baltic-Nordic Contemporary Art, Latvia Art Hall, Riga, Letônia; Action EP!, Riga e 33 cidades da Letônia; Zwolle Art Museum, Zwolle, Holanda. 1992 The Generation, Pori Art Museum, Finlândia; Forma Antropologica, Tallinn Art Hall, Tallinn, Estônia. 1991 Five From Riga, Kulturhuset, Estocolmo, Suécia. 1990 Radar, Kotka, Finlândia. 1988/89 Riga-Latvian Avantgarde, exposição itinerante em três locais: Staatiliche Kunsthalle, Berlim, Alemanha; Stadtgalerie Am Sophienhof, Kiel, Alemanha; Ausstellungshalle Weserburg, Bremen, Alemanha. 1988 The Third Exhibition in the Subway, Riga, Letônia. 1987 The Second Exhibition in the Subway, Riga, Letônia. 1986 The First Exhibition in the Subway, Riga, Letônia. 1984 Nature - Environment - Man, St. Petri Church, Riga, Letônia.
| |
|
|