| Por ele mesmo (1992)
Não Ouso Definir
Primeiro algo sobre a Minha Vida
Tive a sorte (ou o azar) de, aos 25 anos, estar entre os poucos artistas de vanguarda naquele momento (o que, com raras exceções, ninguém do universo cultural tcheco poderia entender). Era mais conhecido por ter sido expulso de várias escolas e preso pela polícia; as coisas foram tão longe que no início da década de 70 tornei-me persona non grata para muitos integrantes da cultura tcheca (especialmente da esfera das artes plásticas), pois, segundo me diziam, "encontrar Knízák na rua é sinônimo de confusão".
Não me deixavam publicar, muito menos expor, em lugar nenhum.
De 1971 a 1987 consegui não ganhar nada na Tcheco-Eslováquia. (E de 1970 a 1979 nem fora de lá).
Posso dizer que fui detido e interrogado várias centenas de vezes.
Fiquei sabendo que o governo tcheco queria me tirar do país à força; sendo assim, quando deixei a prisão, minha esposa e eu nos casamos imediatamente para evitar que isso acontecesse - porque com seus dois filhos, um "sequestro" assim seria menos provável. Em nosso casamento em Kutná Hora, havia apenas alguns de nossos amigos mais íntimos e dois agentes da polícia, não convidados, porém persistentes.
Posso dizer que minha influência sobre um certo segmento da geração mais jovem da década de 60 foi significativa. Era este o motivo pelo qual o regime então vigente me detestava. No início da década de 70 os artistas do movimento underground que estava se formando pediram que me juntasse a eles, mas eu não queria manipular pessoas. Queria viver a minha vida de modo independente. E queria ser preso (se isso tivesse mesmo que acontecer) somente por minha causa, pelos meus atos, e não em conseqüência de alguma filiação. Pertencer a algum movimento parecia cada vez mais sem sentido e nada razoável.
Acho que a arte não é deste mundo. E portanto, parece que não é vital para todos. Considero a arte uma esfera paralela ao mundo no qual temos a oportunidade de entrar sorrateiramente e tomar emprestado (extrair) algo para nossas vidas. A arte é ao mesmo tempo sábia e tola, ou é sábia por ser tola.
O problema da responsabilidade do artista é, em parte, o problema de lidar com a responsabilidade humana. Surge uma questão interessante: será possível considerar a noção de responsabilidade (ou responsabilidade em si) sem relacioná-la ao ser humano? Pode qualquer noção existir por si mesma? Quando penso nisso, posso imaginar uma noção (todavia não gostaria de procurá-la agora) que possivelmente poderia significar algo a partir do qual a relação humana pudesse ser abstraída. Mas, no que se refere à responsabilidade, não tenho certeza de que possa ser considerada sem levar em conta algum código moral. E em sistemas sociais ou éticos diferentes, a responsabilidade varia a tal ponto que chega a gerar controvérsias. Se minha intenção for discutir a responsabilidade, devo definir com que tipo de mundo quero que esteja relacionada.
Como já disse, considero a arte uma esfera paralela às nossas vidas. (Não ouso definir a forma deste paralelismo. Às vezes parece ser uma espécie de linha paralela, em outros momentos, oblíqua). Adotemos, portanto, sem nos determos em outros pontos, a idéia trivial deste universo paralelo em que temos a possibilidade de adentrar e `extrair´ ou `tomar emprestado´ algo a que podemos dar relevo, gravar, inserir (etc.) em nossas vidas.
Neste contexto posso comparar a idéia de responsabilidade a uma `ponte´ que construímos para unir os mundos paralelos. Neste caso, a responsabilidade corresponderia à qualidade da construção desta ponte. A idéia me parece bastante consistente.
No entanto, se eu começar a considerar essa estrutura (ponte) como arquitetura, ela se tornará algo que pertence ao mundo paralelo da arte que mencionei acima. Deste modo toda argumentação é refletida como ficção, e devemos encará-la assim. Como conseqüência, descobrimos que não é necessário tentar definir valores que só podem ser definidos com base em nossa própria experiência de vida e responsabilidade subjetiva por nosso próprio código moral, cuja qualidade depende da extensão da experiência recolhida pela humanidade desde o início de sua existência, o que, aparentemente, pode moldar o homem de um modo que desconheço.
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| Nasceu em 19 de abril de 1940 em Pilsen, Tcheco-Eslováquia. Freqüentou a Academia de Belas-Artes em Praga, de onde foi expulso, e a escola de música de Mariánské Lázne, onde estudou piano (seis anos), trompete (dois anos) e cítara (um ano).
Exposições individuais
1996 Retrospective Exhibition, Mánes Gallery and Academy of Applied Art, Praga, República Tcheca (antiga Tcheco-Eslováquia). 1993 Milan Knízák - Objekte, Skulpturen, Gallery Traklhaus, Salzburgo, Áustria. 1992 New Paradise, North School of Art, Adelaide, Austrália; Kaslu na Vás Chci Bejt Pták, Museum Olomouc, Tcheco-Eslováquia. 1991 Milan Knízák, Gallery Ghislave, Paris, França; Milan Knízák, Gallery Baecker, Köln, Alemanha. 1990 Milan Knízák, Gallery of City Prague, Tcheco-Eslováquia; Milan Knízák, Prodomo (design), Viena, Áustria; Milan Knízák, Gallery of City Bratislava, Eslováquia. 1989 Arbeiten 63-89, Edition Hundertmark, Colônia, Alemanha. 1988 Design, Gallery DAAD, Berlim, Alemanha. 1987 Kleider auf dem Körper Gemalt, Sprengel Museum, Hanover, Alemanha; Milan Knízák, Museum Bochum, Alemanha. 1986 Lauter Ganze Halften, Kunsthalle Hamburg, Alemanha. 1984 Gallery Baecker, Colônia, Alemanha. 1976 Gallery A, Amsterdã, Holanda. 1972 Milan Knízák, Museum am Ostwall, Dortmund, Alemanha.
Exposições coletivas
1995 Spiegel, Galerie Cornelius Hertz, Bremen, Alemanha; Fiat Fluxus, La Giarina, Verona, Itália; Fluxus in Deutschland 1962-1994, Instituts für Auslandsbeziehungen, Stuttgart, Alemanha; Fluxus Nel Veneto (com Henry Martin), Palazzo Agostinelli Citta di Bassano del Grappa, Itália; L´esprit Fluxus, Walker Art Center Minneapolis, Musées de Marseile, Paris, França; HAUT, Gallery Cornelius Hertz, Bremen, Alemanha. 1994 Europa, Europa, Bonn, Alemanha; En l´esprit de Fluxus, Fundació Antoni Tapies, Barcelona, Espanha. 1993 Kiscelli Muzeum, Budapeste, Hungria; Museum of the 20th Century, Viena, Áustria; In the Spirit of Fluxus, Walker Art Center, Minneapolis, Estados Unidos; Whitney Museum of American Art, Nova York, Estados Unidos; Under the Influence of Fluxus, Museu de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil; Czech Works on Paper, Life is Elsewhere, 2.10, The South Bank Board, Londres, Inglaterra; Europe Without Walls, City Art Galleries Princess Street, Manchester, Inglaterra. 1992 What´s New Prague, The Art Institute of Chicago, Estados Unidos. 1991 Kunst Europa, Kunstverein, Braunschweig, Alemanha. 1990 8th Biennale of Sydney, Austrália; Bienalle di Venezia, Itália. 1989 Fluxus & Happening, Bonner Kunstverein, Bonn, Alemanha. 1988 Fluxus, Museum of Modern Art, Nova York, Estados Unidos. 1986 Kunst in Deutschland, National Gallery, Berlim, Alemanha. 1985 Piece Bienalle, Hamburger Kunstverein, Alemanha. 1983 Künstler aus Barkenhoff, Sprengel Museum, Hanover, Alemanha. 1980 Ecouter par les Yeux Objects et Environnements Sonores, Museé d´Art Moderne de la Ville de Paris, França. 1977 Documenta nO 6 de Kassel, Abteilung Künstlerbücher, Alemanha. 1974 8e Biennale de Paris, Museé d´Art Moderne, Paris, França. 1970 Happening-Fluxus, Kölnischer Kunstverein, Colônia, Alemanha.
Prêmios
1992 Ex-Aequo Prize, The Fifth International Drawing Triennale, Varsóvia, Polônia. 1991 Academy Schloss Solitude Grant, Stuttgart, Alemanha. 1988 Design Werkstatt, Berlim, Alemanha. 1974 DAAD, Berlim, Alemanha.
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