| Texto extraído de Ilusões Perdidas, de Balzac (1835-43)
"Estou parecendo o filho de um farmacêutico, um simples balconista!", disse a si mesmo, enquanto olhava para os homens jovens, elegantes e graciosos que passavam pelo Faubourg Saint-Germain: todos eles com um cachet especial, todos iguais na sua perfeição de linhas, na sua postura de dignidade e no seu ar de autoconfiança; no entanto, todos eles diferentes devido ao estilo escolhido por cada um para parecer ter uma vantagem sobre os outros. O melhor de todos eles era um tipo de mise en scène em que os jovens de Paris são tão hábeis quanto as mulheres. Lucien tinha herdado da sua mãe traços privilegiados que - como ele sabia muito bem - lhe proporcionavam bastante distinção, e esse era o material que deveria ser trabalhado. Seu cabelo estava mal cortado. Em vez de utilizar as barbatanas flexíveis que manteriam seu rosto no lugar, ele sentia-se sufocado em seu colarinho sem graça e sua gravata era muito solta para servir de suporte à sua cabeça. Será que alguma mulher teria adivinhado os delicados pés que estavam presos nas botas disformes que tinha trazido de Angoulême? Será que algum jovem poderia invejar sua cintura fina, escondida como estava pela roupa disforme que o cobria à guisa de casaco? Viu à sua volta maravilhosos botões sobre camisas brancas reluzentes - enquanto a sua era marrom! Todos esses elegantes cavaleiros usavam luvas bem cortadas enquanto as suas pareciam as de um policial! Um deles usava uma bengala ricamente adornada enquanto a camisa do outro tinha abotoaduras de ouro nos punhos. Outro - enquanto conversava com uma dama - fazia girar um sofisticado chicote, e as amplas pregas das suas calças levemente sujas de barro, suas barulhentas esporas e seu ajustado casaco de montaria mostravam que estava a ponto de montar um dos dois cavalos que um pequeno cavalariço segurava. Outro estava tirando do bolso do colete um relógio plano como uma moeda de cinco francos e olhava a hora como um homem que está muito adiantado ou muito atrasado para um encontro amoroso. Por meio de todos esses detalhes fascinantes - novos para Lucien - ele tomou consciência de um mundo em que o supérfluo é indispensável e deu de ombros para a idéia de que iria precisar de um enorme capital se quisesse assumir o papel de um solteiro elegante! Quanto mais admirava aqueles jovens com seu ar feliz e despreocupado, mais consciente se tornava da sua rude aparência: a de um homem que não tem idéia para onde está indo, que se pergunta onde será que fica o Palais-Royal quando está exatamente à sua frente e que pergunta a um transeunte onde é que fica o Louvre para ouvir a resposta: "Está exatamente à sua frente". Lucien compreendeu que uma grande distância o separava daquelas pessoas e ficou pensando como poderia atravessá-la, uma vez que desejava ser um daqueles esbeltos e jovens solteiros parisienses.
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| Nasceu em Danbury, Estados Unidos, em 1965. Estudou na School of Visual Arts de Nova York entre 1984 e 1987, onde obteve seu BFA. Vive e trabalha em Nova York.
Exposições individuais
1996 Galleria Il Capricorno, Veneza, Itália; Neugerriemschneider, Berlim, Alemanha. 1995 Cabinet Gallery at The Prince Albert, Londres, Inglaterra; Burkhard Riemschnieder, Colônia, Alemanha; Gavin Brown´s Enterprise, Nova York, Estados Unidos. 1993 Hotel Chelsea, Rm 828, Nova York, Estados Unidos. 1992 Water Closet, Novocento, Nova York, Estados Unidos. 1987 Althea Viafore, Nova York, Estados Unidos.
Exposições coletivas
1996 Wunderbar, Kunsterverien Hamburg, Hamburgo, Alemanha; Victoria Miro Gallery, Londres, Inglaterra. 1995 Campo, Biennale di Venezia, Veneza, Itália; Space Odyssey, Koreneou Gallery, Atenas, Grécia. 1994 Swan, Tom Cugliani Gallery, Nova York, Estados Unidos; Don´t Postpone Joy of Collecting Can Be Fun, Austrian Cultural Institute, Nova York, Estados Unidos. 1993 Okay Behaviour, 303 Gallery, Nova York, Estados Unidos; Little Thing, Randolph St. Gallery, Chicago, Estados Unidos; Delta Arts Axis, Memphis, Estados Unidos; Art in General, Nova York, Estados Unidos.
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