| Por Geraldo Edson de Andrade
Roland Urbinati é francês de nascimento e pintor de sólida formação artística, que inclui passagens por diversas e importantes escolas de arte da Europa. Com esse aprendizado, mais o seu já reconhecido talento, aportou no Brasil há cerca de 15 anos, depois de passar longas temporadas em várias partes do mundo. Vivências essas que, direta ou indiretamente, contribuíram para o aprimoramento formal do seu trabalho, cuja repercussão é fato inconteste nas suas apresentações em galerias e eventos de arte no Rio de Janeiro, São Paulo e em outras capitais brasileiras.
A linguagem pictórica de Urbinati é a abstração expressionista, o primeiro grande movimento da arte após a Segunda Guerra Mundial, ao qual se filiaram os grandes nomes da história da pintura nos anos 50, não só nos Estados Unidos, onde sua força foi mais evidente, mas igualmente na Europa.
Na pintura de Urbinati, de feitura árdua e ao mesmo tempo requintada, a intenção precípua é valorizar o colorido das formas inusitadas, principalmente as texturas, que o autor evidencia por meio de tênues camadas de pigmentos e/ou matérias minerais pesquisados, capazes de exprimir as sutilezas da proposta, dando oportunidade ao espectador de formular diversas interpretações.
E quais são essas interpretações? A princípio, seguimos com o artista por paisagens quiçá cósmicas, quem sabe solos áridos de um deserto imaginário onde certamente ousará pousar alguma nave interplanetária. Ou não seriam partes internas ou externas de uma caverna pré-histórica à espera do homem contemporâneo?
Tudo isso, porém, não passa de conjecturas de espectador apressado em busca de explicações, uma curiosidade natural que tem o homem de identificar de imediato o mistério implícito da pintura. Analisando bem, não é essa a intenção do pintor. Urbinati nunca se esquece de, como pintor racional, dar vazão aos ensinamentos recebidos dos seus mestres europeus. Trata-se de um pintor intelectual que conhece seu ofício, filtrado pela ótica de quem busca na pintura a expressão de suas inquietações interiores. Afinal, pintura é sobretudo mistério e cabe ao artista desafiar os seus signos.
Assim, muitas vezes Urbinati rompe o formato tradicional da tela para impor na sua criação certas peculiaridades bastante pessoais, mormente no campo colorístico. Neste particular, o pintor trabalha a cor sob diferentes matizes, às vezes chegando ao monocromatismo de pura tensão sensorial. Aqui reside, a meu ver, o grande interesse que a pintura de Urbinati desperta no espectador: o de provocá-lo visualmente nas demarcações cromáticas de pura suavidade, que não chegam à exuberância da luminosidade tropical, uma tentação a que muitos pintores sucumbem. Depois, há também o grafismo quase imperceptível que forma riscos (ou trilhas), criando uma aura de misticismo, ao mesmo tempo poética e vigorosa.
Geraldo Edson de Andrade é crítico de Arte e Professor de História da Arte da UERJ.
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| Nasceu em maio de 1947, em Paris, e formou-se em pintura e desenho pela Escola Nacional Superior de Belas-Artes de Paris. Passou alguns anos viajando pelo mundo, pintando, visitando museus até fixar-se no Brasil há 15 anos, expondo desde então em galerias como Paulo Figueiredo (1982), Galeria Paulo Cunha (1986), Galeria Casa de Cultura Laura Alvim (1990), Galeria Cláudio Bernardes Vila Maurina (1991), entre outras.
Exposições individuais
1995 Galeria GB, Rio de Janeiro, Brasil; Galeria Delo Stato, San Marino, República de San Marino. 1993 Galeria do Centro Cultural Cândido Mendes, Rio de Janeiro, Brasil. 1992 Galeria Itália, Circolo Italiano, São Paulo, Brasil; Galeria Acqui, Rio de Janeiro, Brasil. 1991 Galeria Claúdio Bernardes, Vila Maurina, Rio de Janeiro, Brasil. 1990 Galeria Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, Brasil. 1986 Galeria Paulo Cunha, Rio de Janeiro, Brasil. 1984 Galeria Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil. 1982 Galeria Maison de France, Rio de Janeiro, Brasil; Galeria Theodora Braga, Belém, Brasil; Galeria Paulo Figueiredo, São Paulo, Brasil. 1981 Fundação Cultural do Mato Grosso, Brasil; Galeria Macunaíma, Funarte, Rio de Janeiro, Brasil. 1976 Galeria BNP (Banco Nacional de Paris), Paris, França.
Exposições coletivas
1996 Poste Restante, Rio mon Amour, Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, Brasil. 1995 Salon Comparaison, Grand Palais, Paris, França. 1994 Action Painting, Galeria Metara, Rio de Janeiro, Brasil; XXII Bienal Internacional de São Paulo, Brasil. 1989 Arte na Rua, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, Brasil. 1987 O Rosto e a Cobra nº 8, Ibeu, Rio de Janeiro, Brasil; Vila Riso, Rio de Janeiro, Brasil; 19º Salão Nacional, Belo Horizonte, Brasil. 1985 Pour la Libération, Museu do Ingá, Rio de Janeiro, Brasil; Internacional de Arte Postal, Funarte, Rio de Janeiro, Brasil; Coletiva de Verão, Galeria Contemporânea, Rio de Janeiro, Brasil; 9º Salão Carioca de Artes Plásticas, Rio de Janeiro, Brasil. 1984 Galeria Vila Riso, Rio de Janeiro, Brasil. 1981 Centro Cultural Palácio de Itaboraí, Rio de Janeiro, Brasil; Galeria do Banco Nacional de Paris, Paris, França. 1977 Galeria La Maison des Beaux-Arts, Paris, França. 1976 Ecole des Beaux-Arts, Paris, França. 1973 Galeria Simart, Paris, França; Salon des Indépendents, Grand Palais, Paris, França. 1970 Ecole des Beaux-Arts, Bordeaux, Paris, França.
Prêmios
1988 Associação Internacional de Críticos de Artes, indicado para a for Bienalle di Venezia; Ecole de Beaux-Arts, menção honrosa, Paris, França.
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