| Por Phillis Braff
Rodney Zelenka consegue tocar nestas duas áreas - compelindo modelos e assombrando a fantasia narrativa - em suas pinturas de alto impacto, que chamam a atenção para a técnica e o efeito. Realmente híbridas, misturam estilos livremente, assim como também misturam experiências do mundo real com os da imaginação. Alguns elementos são racionais, enquanto outros são inquietantes. Alguns são calmos, enquanto outros são perturbadores.
Às vezes, a urgência que se sente parece vir da força gerada pelos modelos assertivos que têm papel de destaque em cada trabalho, mas outras vezes o sentido dominante de urgência vem do drama humano sugerido pelos cenários problemáticos e ocasionalmente enigmáticos. Um homem sem teto pode, por exemplo, ser retratado sonhando com um tempo em que era jovem e tinha um lugar para viver, ou um louco pode ser mostrado contando sua história para as borboletas.
A maioria das telas de Zelenka apresenta situações tensas. Isso fica evidente quando prisioneiros gritam para o exterior de dentro de uma cela de cadeia superlotada, ou pode ser mais subjetivo, como no humor de uma varanda à beira da praia, onde se vêem duas mulheres nuas, um gato e um rato, cada um em seu próprio isolamento. Para Zelenka, os jogos simbolizados pela brincadeira gato-e-rato têm paralelo na situação de mulheres esperando pelos seus príncipes encantados. Em outro exemplo do simbolismo psicológico de Zelenka, uma figura com duas cabeças expressa a dualidade e o esforço simultâneo da mente em várias direções. Existe uma força virtual especial no modo em que o artista posiciona todas essas figuras, contidas em espaços próprios e apertados, quase como gaiolas ou caixas. A maneira com que a frustração se torna parte de cada tema tem uma correspondência direta com a vida.
Mas os espaços abertos são importantes, também, em algumas concepções de Zelenka e, contraditoriamente, as duas abordagens apontam para sua inclinação pelas inversões ou pelo inesperado. Nas composições planas, expansivas, terminais, geralmente encontram-se criaturas, como peixes, que usam a larga configuração entrelaçada como seu ininterrupto hábitat. Eles são jogadores inesperados num tempo suspenso, extraordinário.
Quando peixes são mostrados tecendo livremente seus caminhos através de um modelo de superfície audacioso, rigorosamente manipulado, a imagem incentiva especulações sobre sentidos ampliados ou sobre estes ritmos complexos, repetitivos. Existe a sugestão de que tais pinturas simbolizam um universo vasto e desunido, no qual todas as criaturas estão em harmonia. Está também implícita a idéia de que o mundo está sendo observado através da experiência de outros seres. Às vezes, temos também a sensação de que as formas dos peixes estão acentuando o movimento dinâmico inerente aos modelos. Sensações de velocidade e agitação estão, por estranho que pareça, em harmonia com o conteúdo emocional que Zelenka parece estar procurando com sua arte.
Estes estritos esquemas planos, circulares, que reforçam a pressão psicológica na pintura de Zelenka e que não oferecem nenhuma saída ou alívio, são compostos de minúsculas facetas, que são lembranças de antigos mosaicos. Os desenhos multiunitários têm raízes artísticas históricas em um passado remoto, ainda que o modo como eles insistem em estabelecer uma ordem no centro do caos reflita a fé na sistemática que olha à frente, para o século XXI. Eles têm também uma qualidade abstrata que ajuda a montar as estruturas não específicas e, assim, conferem-lhes um alcance mais vasto.
Escalas imponentes intensificam os efeitos e concedem aos ritmos assertivos uma aparência visualmente constrangida. Freqüentemente a escala se torna um fator, também, no relacionamento entre figuras e modelos, com as figuras aparecendo diminuídas pelo meio circundante.
O que poderia ser considerado como oblíquo é atualmente um universo que não tem de se conformar às idéias convencionais.
Algumas das mais intrigantes divergências na arte têm sido motivadas pela fantasia, e esta realmente é o campo no qual podem ser colocadas as pinturas de Zelenka.
Phyllis Braff é crítica de arte do New York Times e professora de curadores para museus. Lecionou em diversas universidades. Atualmente, atua como vice-presidente da International Association ofArt Critics.
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| Nasceu na Cidade do Panamá, em 1953. Graduou-se pela Cornell University, EUA, em 1976. Trabalhou em conjunto com artistas do México, EUA e Japão.
Exposições individuais
1996 Museo Municipal de Arte Moderno, Cuenca, Equador; Museo de Arte Contemporaneo, Panamá; Museo Casa de la Cultura Ecuatoriana, Quito, Equador; Museo de la Nación, Lima, Peru. 1995 Barnard Biderman Fine Art Gallery, Nova York, Estados Unidos. 1993 Cast Iron Gallery, Soho, Nova York, Estados Unidos. 1990 Gallery Naito, Nagoya, Japão; Daimaru Dept. Store Museum Gallery, Osaka, Japão; Galeria Mery Bernal, Panamá. 1989 Shone Okuda Gallery, Tóquio, Japão. 1987 Gallery Revel, Soho, Nova York, Estados Unidos. 1985 Galeria Habitante, Panamá. 1980 Galeria Arte '80, Panamá.
Exposições coletivas
1996 Bienal Museo de Arte Contemporaneo, Panamá. 1995 Centenario de La Bienal de Pintura, Veneza, Itália. 1994 Bienal de Cuenca, Equador; Bienal de Santo Domingo, República Dominicana; Bienal Museo de Arte Contemporaneo, Cerveceria Nacional, Panamá. 1993 Feria Internacional de Arte en Caracas, Venezuela. 1992 Bienal, Cerveceria Nacional, Panamá. 1991 Bienal, Museo de Arte Moderno, Panamá. 1990 Queens Galery, Nova York, Estados Unidos. 1989 Galeria Mery Bernal, Panamá. 1988 Ivey Gallery, Los Angeles, Estados Unidos; Shone Okuda Gallery, Tóquio, Japão; Gallery Gekoso, Tóquio, Japão. 1987 Galeria Del Instituto Nacional de Cultura, Panamá. 1986 Museum of Contemporary Art, Panamá. 1985 Museum of Contemporary Art, Panamá. 1984 Walton-Gilbert Gallery, San Francisco, Estados Unidos; Galeria Del Instituto Nacional de Cultura, Panamá; Lions Club Art Show, Panamá. 1983 Galeria Habitante, Panamá; Galeria Universitaria Dexa, Panamá; Museum of Contemporary Art, Panamá. 1982 Municipal Palace Museum, Panamá. 1981 Galeria Arte '80, Panamá; Museum of Contemporary Art, Panamá. 1979 Gulf Oil Exhibition, Panamá.
Prêmio
1986 Menção honrosa, Instituto Nacional de Pintura, Panamá.
Coleções
Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Itália, Japão e Panamá.
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