| Por Rossina Cazali
As origens da obra de Luis González Palma estão ligadas a uma geração de artistas que definiu um caminho na direção da investigação de meios e conteúdos e, sem propô-los, desafiou o procedimento convencional reinante na arte da Guatemala. Em um país com uma arte fadada a seguir o caminho das cores locais ou do acervo pré-hispânico, a presença de um artista com tal espírito se torna um dilema. Além disso, quando se escolhe a fotografia como meio de expressão artística, isto implica uma alteração de seus usos mais triviais. No entanto, desde o início, González Palma demonstrou sua clara intenção de subverter o meio e as imagens com a manipulação de negativos e materiais mais comuns. Os suportes convencionais foram substituídos por elementos singelos, como pedra ou tecido, e sua intervenção se concentrou na preparação de cenários, na acumulação de elementos simbólicos e no retrato de rostos indígenas com uma poética dignificante. Estes rostos sofriam um processo de veladura em sépia e limpeza de áreas específicas, especialmente onde os olhares que se concentravam em um ponto de interesse e remetiam a um sentimento de encontro frontal, literalmente com os olhos de um grupo humano geralmente renegado ou silenciado. Coincidentemente, esses retratos surgiram em um contexto dominado pelas polêmicas surgidas em torno da celebração do quinto centenário do 'encontro' ou 'descobrimento' do Novo Mundo. Apesar disso, ao contrário de questionar tal festa ou continuar uma tradição etnográfica, a obra de González Palma reivindicava seus conflitos ao indagar honestamente em situações comuns de marginalidade e de verdadeiro encontro com uma cultura antagônica e geralmente desconhecida para o ladino, apesar de conviver com ela em um mesmo país.
Desde então, a dualidade é a coluna vertebral de sua obra, e seus componentes são as complexas contradições que surgem desta tortuosa convivência e de todas aquelas contradições que se alimentaram dos contrastes sociais e culturais registrados ao longo da história guatemalteca, que vão desde a presença da violência - a mais injustificada e vergonhosa, aquela produzida por uma guerra -, em contraste com a beleza natural do país, até a miséria e a ignorância convivendo com uma riqueza cultural milenar.
A obra de Luis González Palma é marcada pela ironia, confrontando inumeráveis histórias paralelas que convivem com a mesma intensidade. Daí surgem conclusões, como "um processo de informação diário, com as notícias que martelam diariamente os crimes de uma guerra, os acontecimentos de violência nas áreas rurais e urbanas, podem ser facilmente encobertos por outra manifestação coletiva ainda mais cotidiana: uma partida de futebol". De fato, a constante do artista é o questionamento das respostas do ser humano nos atos mais triviais com a finalidade de negar a dor provocada pelas condições de existência em um meio submetido a uma crise extrema. Sua obra é um elo para o entendimento dos acontecimentos desenvolvidos em seu país ou em toda a América Latina, mas que em sua confrontação são matizados pelo absurdo.
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| Nasceu na Guatemala em 1957.
Exposições individuais
1996 Biblioteca Luis Angel Arango, Bogotá, Colômbia. 1995 Histórias Paralelas, Suécia; Festival Internacional de Fotografia, Tarazona Foto, Tarazona, Espanha; Mes de la Fotografía, Equador. 1994 Château de Beychevelle, França; Museo de Bellas Artes de Caracas, Venezuela; Bratislava, Eslováquia; Arles, França; Inglaterra. 1993 Museu de Fotografia de Estocolmo, Suécia; Musée Charleroi, Bélgica; 1992 FOTOFEST International, Houston, Estados Unidos; Lowinky Gallery, Nova York, Estados Unidos; Art Institute, Chicago, Estados Unidos. 1990 Foto Galeria do Teatro San Martín, Buenos Aires, Argentina. 1989 Autoconfesión, MoCHA, Nova York, Estados Unidos.
Exposições coletivas
1995 Triangular, Suécia. 1994 Tierra de Tempestades, exposição itinerante, Cidade da Guatemala, San Salvador, Nicarágua; Indagaciones, Galería Sol del Río, Guatemala; 5ª Bienal de la Habana, Havana, Cuba. 1993 FOTOFEIS, Escócia, Reino Unido; Instituto de Arte de Minneapolis, Estados Unidos. 1992 Salón Latinoamericano del Desnudo, 21ª Bienal de São Paulo, Brasil; V Fotobienal de Vigo, Espanha. 1989 Museo de Arte Moderno de México, com Grupo Imaginaria, Cidade do México.
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