| Por Serge Patient
Ut Poesis Pictura
"Um certo número de cores e uma certa organização" esta me parece ser a definição mais simples da pintura. As telas de Roseman Robinot são um exemplo extraordinário desta abordagem.
A modernidade de Roseman Robinot está localizada na confluência de diversas culturas, e testemunha, por si mesma, a identidade nativa advinda da mestiçagem fecunda.
A rã estilizada gravada nas rochas ameríndias relata uma história imemorial; as pinceladas da artista criam o criptograma de um tempo polimorfo e imutável, leit-motiv pictórico que, por sua reminiscência mineral, estende a toda sua obra um universo de signos. Deste modo, a pintura constrói a sua própria imagem do mundo, evidenciando o dinamismo interno que lhe dá vida e profundidade.
A liberdade conceitual e criadora da artista não tem limites. A harmonia de formas nasce do próprio ritmo das cores. A pintura, liberada do modelo, não busca refletir o mundo exterior mas tem por objetivo exprimir o universo interior da autora. "A arte, assim como a natureza", dizia Appolinaire, "não imita as formas, mas as cria".
Qual deve ser, portanto, a atitute do espectador frente às telas de Roseman Robinot? Principalmente daquele espectador que não é um 'intelectual' é o que logo me vem à mente. Não quero dizer com isso que não exista nada a ser entendido na pintura moderna, mas que, mais do que de inteligência, trata-se de uma emoção estética. A beleza da obra não é julgada tendo um modelo como referência. Pelo contrário, ela surge a partir de uma relação íntima entre formas e cores, deste equilíbrio aparentemente instável, uma vez que leva em conta ao mesmo tempo o acaso e a necessidade.
Para atingir um tal desempenho, Roseman Robinot utiliza todos os recursos colocados à disposição para se atingir uma competência pictórica. Ela domina todas as técnicas de colagem (o que lhe permite usar as cores mais ousadas) ou de marouflage (que trata as cores como uma verdadeira matéria feita de saliências e reentrâncias). Mas a utilização destas técnicas, como é óbvio, fica submetida a uma escolha deliberada feita ao nível da expressão, que se desdobra no universo imaginário e naquele simbólico.
As telas reunidas nesta exposição são sugeridas como articulações fragmentadas de uma gênese contada e repetida incansavelmente a partir das rochas gravadas da nossa pré-história.
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| Nasceu em 10 de julho de 1944, em Rivière Saleé, Martinica. Vive e trabalha em Remire-Mont Joly, na Guiana Francesa. Estudou psicologia em Paris de 1971 a 1973. Em 1980 dedicou-se a estudos de filosofia.
Exposições individuais
1995 Galerie du Conseil Général de Guyane, Caiena, Guiana Francesa. 1991 Galerie Ardec Conseil Régional, Caiena, Guiana Francesa; Bureau du Patrimoine du Conseil Régional, Fort-de-France, Martinica. 1988 Galerie Ardec Conseil Régional, Caiena, Guiana Francesa. 1987 Conseil Général, Fort-de-France, Martinica. 1985 Conseil Général, Fort-de-France, Martinica. 1983 Formsens, Caiena, Guiana Francesa. 1978 Mairie de Cayenne, Caiena, Guiana Francesa. 1977 Sermac, Fort-de-France, Martinica.
Exposições coletivas
1994 2ème Biennale de Peinture de la Caraïbe et de l'Amérique Centrale, Museo de Arte Moderno, Santo Domingo, República Dominicana; Paramaribo, Suriname; 14ème Festival de Santiago de Cuba, Cuba. 1991 Festival de Fort-de-France, Martinica. 1987 2ème Salón Inter-Caraïbes d'Arts Plastiques, Caiena, Guiana Francesa. 1984 Festival Kizomba, Rio de Janeiro, Brasil. 1978 Expo Caraïbes 79, Caiena, Guiana Francesa; 8ème Salon des Peintres d'Ile-de-France et de l'Outre-Mer; Femmes Peintres et Sculpteurs de France, Musée du Luxembourg, Paris, França.
Coleções
DDJS Guyane, Guiana Francesa; ARDTLG Conseil Régional de Guyane, Guiana Francesa; Conseil Général de Guyane, Guiana Francesa; Musée d'Art Contemporain, Fort-de-France, Martinica; Conseil Régional de Martinique; Siège Social du Crédit Agricole, Fort-de-France, Martinica; CCIG, Guiana Francesa; Museo de Arte Moderno de Santo Domingo, República Dominicana.
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