.

Sem título
1995. Ferro e látex. Dimensões variáveis





Sem título (detalhe)
1996. Látex, ar, parede, gesso sintético, projeção de slide, 330Xx225X40 cm



 


 


Nikos Navridis

Por Katerina Koskina

Não há dúvida de que o artista pensa e luta antes de ser capaz de se expressar através do trabalho artístico. No entanto, há alguns artistas que experimentam o ato da criação de uma forma muito intensa e quase dolorosa - e não como simples liberação e uma produção estética, mas, principalmente, como uma situação.

Nikos Navridis é um desses artistas. Em seu caso, a transição da idéia original (a matriz em que se desenvolve o relacionamento entre o cosmo e a arte) para sua aplicação e finalmente para sua projeção externa é um processo especialmente lento e complicado. Cada tema - escolhido com critérios estritos para proporcionar as bases racionais e estéticas para sua seleção -, um pretexto para a elaboração pictórica e filosófica do artista, é tratado em unidades de trabalho desde o ponto de vista técnico como um fato de especial importância que cria sua própria linha de pensamento. O desideratum é o relacionamento do artista através do objeto e do mundo que o rodeia, um relacionamento que Navridis vem explorando há anos e sobre o qual ele baseia toda a sua obra. Antes que sua investigação deste relacionamento tivesse sido articulada até o ponto de satisfazer o próprio Navridis, ele relutava em exibi-lo como um todo - uma relutância que dura até hoje.

Em seu trabalho, podemos encontrar a evidência de seus primeiros estudos, porque sua lógica é com freqüência construtivista, a lógica de um arquiteto. Ao persistir em seus temas, Navridis obtém sucesso ao transformar seus pensamentos em desenhos - desenhos que parecem ter se desenvolvido com o passar do tempo.

Cada desenho está ligado ao seguinte, que é, com freqüência, a continuação da mesma superfície, constituindo assim uma tentativa de realizar de forma linear a idéia original em que a experiência e o mundo interior do artista têm estado situados.

A maneira com que o discurso interno pode se transformar em um objeto externo e o rastro que deixa atrás de si durante esse processo de transformação são questões para as quais este artista está sempre empenhado em encontrar uma resposta, e são referências às quais sempre retorna. A continuidade e a consistência das suas obras são o testemunho de um sistema de pensamento filosófico cuidadosamente estruturado que luta para determinar nossas questões ontológicas primordiais. Na verdade, o próprio Navridis declara que "a diferença entre a filosofia e a arte é que, embora as duas demonstrem as mesmas coisas, a função da primeira é expressá-las e a da outra, mostrá-las".

Contudo, sua tentativa de penetrar além da aparência das coisas e chegar até o seu ser não o distanciou da sua característica realista. Na verdade, isso o impele, por meio de análises da estrutura da sua forma e do momento do tempo em que aparecem (diferentes ângulos de visão, iluminação, sombras etc.), na direção de tentar capturar a sua essência. Do ponto de vista técnico, Navridis utiliza a perspectiva renascentista nas suas pinturas - embora com o claro propósito de subverter a sua lógica - e molda suas esculturas e instalações de modo a manipular os conceitos de espaço e de tempo, da presença e da ausência (uma das quais é pré-requisito para a outra) e da anulação por meio do método positivo/negativo. Ao criar obras que ao mesmo tempo 'são' e 'não são', pois sua aparência não corresponde ao seu papel (cadeiras em que não é possível sentar) e muitas vezes nem mesmo à sua imagem (cabeças ocas que na verdade parecem estar em relevo), Navridis nos apresenta uma projeção de pensamento e de significado e não apenas uma simples aceitação do ato visual.

O tempo, colocado como ato poético dentro do corpo do trabalho, aparece como a memória encarnada. Paralelamente, consegue a participação ativa do espectador, que se sente compelido a se movimentar não apenas dentro do espaço perceptível do trabalho, mas também dentro do espaço mental mais amplo necessário para a leitura da obra - uma obra que, pelo menos, teve a coragem de se mostrar para nós, maravilhosamente projetada e terminada, mas com uma personalidade que é poética, um tanto intangível e sombria, no sentido não de debilidade e sim de potencial.



Cronologia


Nasceu em Atenas, Grécia, em 1958. Estudou arquitetura na Faculdade de Arquitetura da National Polytechnic School of Athens e artes na School of Fine Arts de Atenas. Participou de diversas mostras internacionais na Grécia e em outros países da Europa.


Exposições individuais

1996
Epikentro Gallery, Atenas, Grécia.
1995
Kalfayan Gallery, Salônica, Grécia.


Exposições coletivas

1996
Bienal de São Paulo, Brasil; Pro Patria, House of Cyprus, Deste Foundation for Contemporary Art.
1990
National Gallery, Athens School of Fine Arts, Atenas, Grécia; Medecins sans Frontières, Cultural Center of the Municipality of Athens, Atenas, Grécia; De l'Ecole des Beaux-Arts, Biennale d'Alger, Argel, Argélia; Aenaon, International Center of Fine Arts.
1987
Panhellenic Art Exhibition, Port of Piraeus Bureau; 3th Biennale for Young Artists From European Coast of the Mediterranean Sea, Barcelona, Espanha.