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Nature Document
1996. Madeira, terra, ferro, vídeo, 350X500X500 cm. Foto: Pekka Nevalainen





Nature Document
1996. Madeira, terra, ferro, vídeo, 350X500X500 cm. Foto: Pekka Nevalainen



 


 


Pekka Nevalainen

Por Minna Törmä


Documentos da natureza

Na arte ocidental, as paisagens têm sido representadas na forma de imagens, em vez de esculturas tridimensionais. Os jardins podem ser vistos como peças de arte tridimensionais, embora tradicionalmente este ponto de vista não tenha prevalecido. Os jardins têm sido considerados um domínio da arquitetura. Por outro lado, os chineses e os japoneses têm uma longa tradição, que remonta a mais de um milênio, na criação de jardins-tabuleiros ou bonsais tridimensionais. Fazer algo pequeno é fazer algo mais compreensível, é revelar os processos essenciais da natureza. Em Nature Documents uma série de instalações exibidas por Pekka Nevalainen, a partir de 1993, ambas as tradições - pintura de paisagens e cultivo de bonsais - se cruzam e tomam a forma de instalação.

Os materiais artísticos tradicionais contêm em si o aspecto da eternidade; os objetos de arte são feitos para durar para sempre. Nesses trabalhos, a ênfase está na transitoriedade, no 'tempo natural'. Alguns desses materiais estão vivos. A pilha de terra muda sua forma ou um grupo de borboletas emerge de seus casulos escondidos no tronco de uma árvore. A imagem no vídeo incluído nestas Nature Documents exibe movimento/ação numa velocidade e tempo apenas perceptíveis.

O aparecimento de elementos da natureza - pilhas de terra, pedras, troncos de árvore - em museus, em espaços dedicados à alta cultura, inevitavelmente referem-se à nossa relação com a natureza. Esta relação inverte a noção de nossa alienação da natureza.

A paisagem como idéia ou como conceito sempre carrega em seu interior um grau de artificialidade, da loucura do homem. A emersão da paisagem é só um marco na história da alienação da natureza. O domínio do processo da pintura criou uma situação em que a paisagem é vista a partir do exterior (como se observada através de uma moldura), e o que é visto e representado é também glorificado ou, mais precisamente, a escolha dos panoramas a serem apresentados é tal que permite sublimação. Examinada por meio desta tradição dominante, com a referência adicional dos elementos fictícios usados em alguns documentários sobre a natureza exibidos pela televisão, esta série Nature Documents de Pekka Nevalainen questiona a imagem predominante do que a natureza é em seu estado puro. Nós, seres humanos, somos também parte integrante da natureza e assim, igualmente, o são todas as nossas criações.

A alienação não é necessariamente uma marca negativa de degeneração ou produto da urbanização. Pode, atualmente, ser essencial para a nossa sobrevivência: a estrutura da consciência humana tem de enfrentar a necessidade de abarcar seqüências temporais mais longas a fim de, por exemplo, criar uma família.

A contradição trazida à luz por este trabalho torna-se explícita se levarmos em conta o método de trabalho de Pekka Nevalainen, que pode ser comparado à execução de um ritual. Dessa maneira, ele trabalha para superar o mito da morte, o temor que a natureza possa ser extinta. Ao que parece, não estamos, apesar de o desejarmos, certos de que o sol nascerá ou de que a primavera virá, e isto certamente tem de ser, de alguma forma, recuperado a cada dia. Podemos aceitar pela razão a alienação como um fato natural, ainda que emocionalmente traumático.

As peças Nature Documents nasceram da reflexão sobre estas questões. Os trabalhos, apesar disso, não são muito informativos, no sentido de que não nos revelam explicitamente quais respostas o artista encontrou. Elementos de nostalgia estão presentes aqui e podem tocar um acorde familiar em nossas mentes. Na simplicidade de seus elementos essas instalações criam, preferivelmente, espaços para as reflexões do próprio observador. Nestes espaços, o observador pode contemplar o caráter de sua própria alienação.



Cronologia


Nasceu em Tyrvaa, Finlândia, em 1951. Vive e trabalha em Kisko, Finlândia.


Exposições individuais

1995
Museum of Contemporary Art, Helsinque, Finlândia; The Art Academy, Estocolmo, Suécia.
1994
Galerie Artek, Helsinque, Finlândia.
1992
Galerie Artek, Helsinque, Finlândia.
1991
Galleria Pieni Agora, Helsinque, Finlândia; Gallery of The Kotka Artist's Association, Kotka, Finlândia.
1989
Kluuvin Galleria, Helsinque, Finlândia.
1986
Oulu Art Museum, Oulu, Finlândia.
1985
Finnish Painter's Society, Helsinque, Finlândia; Book Cafe, The New Studenthouse, Helsinque, Finlândia;
1984
Kluuvin Galleria, Helsinque, Finlândia.
1981/1982
The Old Studenthouse, Helsinque, Finlândia.
1976
The Cheap Thrills Gallery, Helsinque, Finlândia.


Exposições coletivas

1996
Taidetta, exposição itinerante na, Suécia; Offside, Bergen, Noruega.
1995
Tapko, Overgarden, Copenhague, Dinamarca.
1994
Art by Air Freight - Contemporary Art from Finland, Museu de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil; Metsä, Sara Hilden Art Museum, Tampere, Finlândia; Air, Earth, Water,The Azabu Museum of Arts and Crafts, Tóquio, Japão; Ten makes ten, Galleri Ahnlund, Umea, Suécia.
1993
Transit, National Museum of Finland, Helsinque, Finlândia.
1992
Documenta IX, Kassel, Alemanha; Ute - inne, Vasaparken, Estocolmo, Suécia; Rakkautta Raunioilla, Museum of Contemporary Art, Tampere, Finlândia.
1991
Free Zone, exposição itinerante em dois locais: Helsinque, Finlândia; Mücsarnok, Budapeste, Hungria.
1990
New Nordic Art, The Artist's Central Exhibition Hall, Moscou, Rússia; Distances, Biennale Balticum, Rauma Art Museum; Nach den Regeln der Kunst, Contemporary Finnish Sculpture, Karmelitenkloster, Frankfurt, Alemanha.
1989
Borealis IV, Louisiana Museum, Humlebaek, Dinamarca; 125th Anniversary Exhibitions of the Artists' Associations of Finland, The Ateneum and Kluuvin Galleria, Helsinque, Finlândia.
1988
L'Esprit Finlandais, Centre de Création Contemporaine, Tours, França.
1987
Streif, Kunshallen, Odense, Dinamarca; Suomenlinna, Finlândia.
1986
Attityder, Nordjyllands Kunstmuseum, Dinamarca; Södertälje Konsthall, Suécia; Kjarvalsstadir, Islândia; Concrete, Art in the Streets, Helsinque, Finlândia.
1985
Saarivala Environmetal Art Project, Bockholm, Finlândia.
1984
Flyvende Beton, Copenhague, Dinamarca; Utopiary, Munchenbryggeriet, Estocolmo, Suécia.
1983
AKT 83, The Ateneum, Helsinque, Finlândia; Utopiary, Galleria Katariina, Helsinque, Finlândia; Siirrettävä Tuonela, The City Art Museum of Helsinki, Finlândia; Finsk kunst na, Kunstsenter Henie-Onstad, Noruega.
1982
Nordic Environmetal Art Symposium, Lehtimäki, Finlândia.
1981/1983
Ö-group Exhibitions, The Old Studenthouse, Helsinque, Finlândia; Kotka library, Kotka, Finlândia; Jyväskylä Talvi, Jyväskylä, Finlândia.
1977
Elonkorjaajat & Record Singers, Moderna Museet, Estocolmo, Suécia.
1975
The Artists' Association's Annual Exhibition, The Art Hall, Helsinque, Finlândia.
1974
Young Artists' Exhibition, The Art Hall, Helsinque, Finlândia.