| Por Karin Stempel
Carl Emanuel Wolff centraliza a temática de sua obra - que consiste especialmente em esculturas e instalações - na questão do local ideológico e o fato da arte contemporânea.
Depois que a obra de arte, com o começo da modernidade e com a sua reivindicação de autonomia, parece ter sido liberada de sua função utilitária, bem como de suas instâncias mediadoras, como a Corte e a Igreja, cada vez mais a filosofia, a teoria estética e a crítica de arte determinam e fundamentam a arte.
O pretenso espaço livre da arte, que se institucionalizou na forma de museus e coleções públicas, não é, no entanto, o espaço livre de um agradável descompromisso, mas sim revela-se sempre mais como zona de proteção, como gueto, em que a obra de arte, neutralizada ao ser exposta, apenas aparece como mercadoria, cuja escolha, apresentação e produção são ditadas pelas leis de mercado.
Quando Carl Emanuel Wolff realiza suas obras paralelamente a locais de exposição tradicionais, cada vez mais em situações do cotidiano, não pretende descobrir lugares alternativos para a arte, mas sim questionar de maneira fundamental as relações - museológicas e cotidianas - que permitem dar visibilidade à obra de arte, complementando, integrando ou mesmo revogando-as.
Assim, o artista utiliza locais e situações em que o anonimato e a especialização levaram a uma síntese, uma cultura de mercado altamente desenvolvida, em que a individualidade da oferta, por exemplo, de um produto, libera uma mais-valia estética, que pode ser comparada ou confundida com aquela da obra de arte.
O charuto, produto de uma refinada cultura do ato de fumar, age da mesma maneira que o umidificador, o jogo de snooker e o conto de fada, como uma forma artística artificial, em que a imagem e o sentido se reúnem, sem que o significado e a interpretação fixem, a priori, a percepção sensual desse encontro.
As obras de Carl Emanuel Wolff constróem estruturas abertas, em que as condições para a percepção de uma obra de arte estão na dependência imediata das possibilidades do observador de decidir considerar a obra como algo artístico e, por meio da sua observação, completá-la.
Esse princípio, que remete aos princípios de uma crítica de arte dos tempos românticos, é tão mais provocante e transcendente quanto mais a percepção da arte e da obra se inverte em um final circular hermético, por meio de suposta crítica competente que, enigmaticamente, fundamenta aquilo que, sem nenhuma resistência, segue as leis do mercado.
Quando aparece a supostamente fictícia realidade da obra de arte disseminada por filamentos do desejo, como nas obras de Carl Emanuel Wolff, no meio do assim chamado cotidiano profano ou vice-versa, as divisões artificiais não somente se tornam transparentes, como também permeáveis, ao mesmo tempo que os campos da arte e da realidade, separados arbitrariamente, perdem as suas fronteiras em seus respectivos contrários.
Arte se torna aqui real e eficaz como a realidade que vem a ser reconhecida, através da ficção, por uma construção imaginária.
| |
| |
| Nasceu em 1957 e estudou na Academia de Arte de Düsseldorf entre 1978 e 1984. Em 1981, recebeu uma bolsa para estudos em Nova York. Foi assistente de Gotthard Draubner, em 1983. Em 1986, recebeu bolsa de estudos do Fundo Artístico de Bonn. Em 1991, recebeu o Prêmio Villa Romana. Em 1992, foi professor convidado na Escola Superior de Artes Plásticas de Braunschweig. Vive e trabalha em Essen.
Exposições individuais
1996 Schneewittchen und die sieben Zwerge, Daniel Fusban, Kunsthandel, Munique, Alemanha. 1995 Zigarren, Espaço de Exposições Thomas Taubert, Düsseldorf, Alemanha. 1994 Kunstverein Düsseldorf, Alemanha. 1993 Deutsches Klingenmuseum Solingen, Alemanha. 1991 Galeria Backhaus, Düsseldorf, Alemanha; Galeria Luis Campana, Colônia, Alemanha. 1990 Galeria Luis Campana, Frankfurt, Alemanha; Frankfurter Hof, Zimmer 52, Portikus, Frankfurt, Alemanha. 1989 Vorstellung sachafft Wirklichkeit, Museu de Arte de Düsseldorf, Foreum Bilkerstrasse, Düsseldorf, Alemanha. 1987 Galeria Wanda Reiff, Maastricht, Holanda. 1985 Galeria Strelow, Düsseldorf, Alemanha. 1984 Produzentengalerie, Hamburgo, Alemanha. 1982 Galeria Becker, Bochum, Alemanha; Galeria Schöttle, Munique, Alemanha. 1981 Frauenraub, PS 1, Nova York, Estados Unidos.
Exposições coletivas
1995 Skulptur und Zeichnungen, Daniel Fusban Kunsthandel, Munique, Alemanha; Galeria Bochynek, Düsseldorf, Alemanha. 1994 Auf eigene Gefahr, Bonn, Alemanha. 1992 Dialoge, Budapest-Galeria, Budapeste, Hungria. 1991 Salone Villa Romana, Florença, Itália. 1990 Museu de Arte, Bonn, Alemanha; Museu de Arte, Solingen, Alemanha; Kunstminen, Museu de Arte de Düsseldorf, Alemanha. 1989 Galeria Luis Campana, Frankfurt, Alemanha. 1988 Meine Zeit mein Raubtier, Düsseldorf, Alemanha. 1987 Marena'87, Holanda. 1986 Papier und Skulptur, 3 Trienale Fellbach, Bremem, Alemanha. 1985 Perfo 3, Roterdã, Holanda; Die sich ver selbständingenden Möbel, Wuppertal, Alemanha. 1984 Germinations II, exposição itinerante em três locais: Kassel, Mulhouse, Alemanha, Edinburgo. 1983 Moderne Kunst, F. Berger, Düsseldorf, Alemanha; Diagonale, Antuérpia, Bélgica. 1982 Old World New Works, Clocktower, Nova York, Estados Unidos; Halle 4, Hamburgo, Alemanha; Austellung B, Munique, Alemanha.
| |
|
|