| Por Eleni Nikita
Depois de 25 anos de ausência, o Chipre volta a participar desta importante bienal de arte, uma bienal que une o Oriente e o Ocidente, o Norte e o Sul.
O Chipre é um pequeno país, um ponto no mapa-múndi, e tem sido uma encruzilhada de povos e de culturas desde o começo da civilização. A arte desenvolvida ali desde os tempos neolíticos conserva - até hoje - certos traços estáveis e característicos que lhe proporcionam uma individualidade marcante. O artista cipriota do passado, e também o do presente, conseguiu reunir de forma engenhosa os elementos orientais decorativos e metafísicos com os racionalistas e antropomórficos da tradição artística e filosófica ocidental.
Stass Paraskos, o artista que representa o Chipre na Bienal Internacional de São Paulo deste ano, é uma voz característica da arte de uma região como o Chipre, para onde convergem e se destilam pontos de vista estéticos e teóricos muitas vezes unilaterais.
Nascido em uma pequena aldeia, o artista saiu do Chipre aos 19 anos e foi para a Inglaterra em busca de melhores condições de vida. Lá, cultivou seu talento natural e ensinou arte durante 30 anos em diversas escolas de arte, politécnicas e universidades britânicas.
Sua linguagem artística foi moldada no país que o acolheu e teve como base os ensinamentos dos movimentos do começo do século, tais como o expressionismo e o cubismo e, especialmente, aqueles de artistas radicais como Gauguin, Matisse e Chagall. Seu relacionamento com esses artistas - que são a base de muitas formas do modernismo e do pós-modernismo - foi um ponto definitivo em sua formação.
Stass retirou dessa fonte o estímulo essencial e fez suas afirmações por meio do incontrolável poder de sua expressividade, que tem o imediatismo da arte primitiva mas que, ao mesmo tempo, integra a qualidade e a sofisticação de um artista treinado e consciente.
Por morar em um país estrangeiro e experimentar uma cultura diferente, o artista descobriu, como contraste, a individualidade da identidade cultural da sua terra natal e redefiniu temática e estilisticamente a sua expressão artística. Ele questionou as formas da arte abstrata, conceitual e minimalista da década de 60 e entrou em contato com a arte antropomórfica do Chipre assim como com as formas e as cores do artesanato popular. A estética das pessoas simples do Chipre tornou-se, para Stass, fonte de inspiração. Ele adotou as combinações de blocos coloridos, monolíticos e estridentes com contornos definidos.
O confronto entre o estilo de vida do país em que vive e o de sua terra natal provocou no artista saudade e um interesse pelo próprio país, e influenciou em grande parte a sua escolha temática.
A existência de um tema é uma característica constante do seu trabalho. Para Stass, a criação artística é claramente um ato de determinação. Ele cria não para resolver problemas teóricos ou técnicos, mas para se comunicar com o espectador em um plano emocional, porque, na verdade, Stass está sempre emocionalmente envolvido no seu trabalho.
Portanto, mesmo quando está pintando temas existenciais, como o amor, a velhice ou a morte, ou temas extraídos da vida, da história ou do trágico destino de seu país natal, Stass é sempre lírico e romântico. É um romântico apaixonado pela arte, que expressa a situação humana com um genuíno sentimento lírico.
Na 23ª Bienal Internacional de São Paulo, Stass apresentará trabalhos que pertencem à série Roads of Freedom. Apaixonado pelos ícones e criador de mitos, utiliza de uma forma muito pessoal o elemento narrativo que, em algumas obras, funciona em uma escala temporal dupla - como passado e presente. Os três caminhos para a liberdade - a religião, a luta pela liberdade nacional e o amor - levam definitivamente para a tragédia, a forma grega de se conseguir a liberdade espiritual.
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| Nasceu no Chipre em 1933. Emigrou para a Inglaterra em 1954 e trabalhou em diversas indústrias em Londres e no interior. Estudou pintura no Leeds College. Foi tutor do Leicester College, professor da Leeds Polytechnic e do Canterbury College of Art. É fundador e diretor do Cyprus College of Art. Desde 1987 é diretor do Canterbury College of Art. Realizou diversas exposições individuais no Chipre, na Inglaterra, nos Estados Unidos e em outros países.
Exposições individuais
1995 Gallery Cut, Londres, Inglaterra. 1994 Triennale of New Delhi, Nova Déli, Índia. 1988 Gallery Gloria, Nicósia, Chipre. 1987 Gallery Morphi, Nicósia, Chipre. 1984 Wells Gallery, Norwich, Inglaterra. 1983 The House of Cyprus, Nova York, Estados Unidos; Bread Gallery, Newcastle, Inglaterra. 1981 The House of Cyprus, Nova York, Estados Unidos. 1980 Gallery Zigos, Nicósia, Chipre; Gallery Politropo, Limassol, Chipre. 1979 Sculptures Fair, Municipal Theatre, Nicósia, Chipre. 1978 Gallery Zigos, Nicósia, Chipre. 1975 Robin Crofts Gallery, Cantuária, Inglaterra. 1973 Gallery Argo, Nicósia, Chipre. 1969 Walton Gallery, Londres, Inglaterra; Traverse Gallery, Edimburgo, Escócia; Hilton Gallery, Chipre; Gallery Caballa, Harrogate, Inglaterra. 1968 Traverse Gallery, Edimburgo, Escócia; Ostergade 38 Faaborg, Dinamarca. 1967 Howard Roberts Gallery, Cardiff, País de Gales; Bear Lane Gallery, Oxford, Inglaterra; ICA Gallery, Londres, Inglaterra; The Manchester Gallery, Manchester, Inglaterra; The University of Stratchlyde, Glasgow, Escócia; The University of Leeds, Inglaterra. 1966 Institute Gallery, Leeds, Inglaterra; Robin Crofts Gallery, Cantuária, Inglaterra. 1964 Ikon Gallery, Birmingham, Inglaterra. 1963 Lane Gallery, Bradford, Inglaterra. 1962 Portal Gallery, Londres, Inglaterra. 1959 Austen Hayes Gallery, York, Inglaterra.
Exposições coletivas
1994 Trienal de Nova Déli, Índia.
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