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Sem título
1996. Instalação na XXIII Bienal Internacional de São Paulo. Coleção da artista. Foto: Fernando Chaves





Sem título (detalhe)
1995. Fotografias, 70X100 cm cada painel. Instalação no Museum Moderner Kunst Wien. Foto: Gehard Koller



 


 


Inés Lombardi

Por Brigitte Huck

O trabalho de Inés Lombardi tem por base o conceito que não considera a arte como um sistema estático, mas sim mutante. Esse sistema adquire seu significado ao reunir múltiplos pontos de referência históricos, topográficos e conceituais e incluir situações e estágios de representação diferentes. Suas pesquisas sobre percepção, espaço e a abordagem visual em diferentes sistemas, suas investigações sobre a interação das relações intrínsecas ao trabalho e das circunstâncias em que ocorrem as apresentações se colocam entre as mais importantes contribuições à arte contextual dos últimos anos na Áustria.

Inés Lombardi nasceu em São Paulo, estudou em Londres e trabalhou mais tarde com Maria Lassnig em Viena, cidade em que desde então vive e trabalha. Desde o início seu trabalho tem se confrontado com a estreiteza de horizontes inerente às disciplinas tradicionais artísticas a partir de uma abordagem interdisciplinar e experimental. Ela passou a fotografar suas peças - esculturas moldadas em alumínio e ready-mades - para em seguida utilizar métodos diversos para dar forma a elas. Esse desenvolvimento determinou claramente uma mudança de orientação dos sistemas de documentação morfológicos para os conceituais.

Inés têm apresentado suas fotos-objetos em uma grande variedade de situações espaciais - estúdios, galerias, museus - e em seguida fotografa suas montagens, criando assim novas constelações e molduras de referência. O conjunto de seus trabalhos que veio à tona - cuja gênesis nos remete aos Photomarkers de Smithson - resulta em uma sobreposição de imagens e meio ambiente que faz alusão tanto ao espaço pictórico quanto às relações entre os objetos e o mundo. A característica tautológica de seu trabalho - cada fato é descrito com texturas sempre renovadas - conduz a uma espécie de expansão da mente através da duplicação de visões, ampliando e aprofundando a consciência ao encorajar a percepção através do ato de perceber. A possibilidade de repetir sempre esse processo dinâmico, que apaga os limites entre as dimensões, nos leva da existência óbvia de qualquer elemento para o seu desaparecimento e, finalmente, ao desaparecimento total e reestabelecimento da própria arte. A fotografia mostra o objeto da visão, mas também as condições em que essa visão se dá. Ambivalente, ele habita dois planos diferentes: é ao mesmo tempo um documento da situação que foi reproduzida e uma obra de arte independente - uma obra que rejeita a aura e o absoluto em favor dos relacionamentos, referências, diferenças e coerências entre as coisas.

A reflexão sobre a origem do interesse artístico, a tentativa de integrar ao conceito de obra as formas de sua disseminação, as condições em que as obras serão vistas e a gama de interpretações que podem surgir a partir de sua institucionalização nos conduz inevitavelmente às caixas de Marcel Duchamp, a seus museus móveis e à sua experiência estética - a de que o espaço envolvendo uma obra de arte determina o modo como ela será vista. A re-codificação desse paradigma, já clássico, ocorre novamente na arte contextual contemporânea, uma forma de arte que inclui pesquisas, fontes e arquivos como algumas de suas preocupações. Inés Lombardi trabalha atualmente com as redes dos mecanismos que fundem as questões internas da arte com as questões externas do contexto. Sua opção primeira pela abertura, estratificação e deferenciação da expressão artística é, ao mesmo tempo, um pedido urgente por rigor e consistência das estruturas formais. A necessidade de austeridade, clareza e precisão que Lombardi exige para a sua arte é passada para o espectador como receptor da complicada rede de referências que envolvem os locais dedicados à arte e as estruturas da civilização que constituem o nosso presente.



Cronologia


Nasceu em São Paulo em 1958. Reside em Viena, Áustria.


Exposições individuais e coletivas

1996
White Cube/Black Box, Skulpturensammlung, EA-Generali Foundation, Viena, Áustria.
1995
Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien, Palácio Liechtenstein, Viena, Áustria; Skizzen, Modelle, Notizen, Raum Aktueller Kunst, Viena, Áustria; On Board, Venedig.
1994
Galerie Karin Schorm, Viena, Áustria; Lokalzeit - wiener material im spiegel des unbehagens, Raum Strohal, Viena, Áustria; Moderna Galerija, Liubliana, Eslovênia.
1993
Galerie Cora Hölzl, Düsseldorf, Alemanha; Galerie A4, Wels, Áustria; Spiel ohne Grenzen, Museum Ludwig, Budapeste, Hungria; Radicale Surface, Heiligenkreuzerhof, Viena, Áustria; Ideas, Imagenes, Identidades, Centro Cultural Tecla Sala, Barcelona, Espanha.
1992
Neue Galerie am Landesmuseum Joanneum/Studio, Graz, Áustria; Surface Radicale, Grand Palais, Paris, França; Frontiera 1'92, Bozen.
1991
Galerie Karin Schorm, Viena, Áustria; Refleksy, Museum Galeria Zacheta, Warschau; Vom Verschwinden der Dinge aus der Fotografie, Museum Moderner Kunst Stiftung Ludwig Wien, Palácio Liechtenstein, Viena, Áustria; Galerie Martina Detterer, Frankfurt, Alemanha; Reich-weite, Kärntner Landesgalerie, Klagenfurt, Áustria.
1990
VIII Internationale Kleinplastik Triennale, Mücsarnok, Budapeste, Hungria; Licht, Galerie Griess, Steirischer Herbst, Graz, Áustria; Projekt Bundesrealgymnasium, Viena XX, Unterbergergasse 1/Realisierung 1991, Áustria.
1989
Moskau - Wien - New York, Messepalast, Viena, Áustria; Junge Szene Wien, Wiener Secession, Viena, Áustria; Zeichnungen als Einsiedler, Galerie Rem, Viena, Áustria; 60 Tage Österreichisches Museum des 21. Jahrhunderts, Viena, Áustria.
1988
Mit Blick Voraus, Steirischer Herbst, Künstlerhaus, Graz, Áustria; Querfeld-I, Wiener Festwochen, Volksgarten, Viena, Áustria; Galerie Amer, Viena, Áustria.