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Ken's Aunt
1994. Série de 25 bonecas em caixas de papelão

 


Universal Penis Expander
1995. Dispositivo para alongamento de pênis, 235X90X54 cm


Body Master
1994. Pesos leves, alumínio, cartaz. Brinquedos para crianças de até 9 anos, projetados de acordo com as proporções físicas dos usuários

 



Zbigniew Libera

Zbigniew Libera conversa com Priotr Rypson

Priotr Rypson: Sua mais recente exposição no Centro de Arte Contemporânea de Varsóvia chama-se Correction Devices.
Zbigniew Libera: O título tem duplo sentido. Por um lado pode significar trabalho em/com dispositivos corretivos ou mecanismos já existentes; por outro, pode ser uma sugestão para corrigir dispositivos já existentes. Refiro-me a mecanismos que utilizamos em nossa cultura para treinar padrões de comportamento necessários para que as pessoas ajam como cidadãos de uma sociedade contemporânea. A questão essencial nesse trabalho é que ele se realiza em objetos reais, que realmente existem. Compartilho o pensamento de Michel Foucault a respeito da sociedade e da cultura; o que sou, meu ego, é produto de determinado sistema e pode se expressar por meio dos dispositivos corretivos, mecanismos utilizados para treinar o ego.

P. Seriam, então, instrumentos de crítica?
Z. Não creio. Não considero meu trabalho com esses dispositivos uma crítica à sociedade ou ao sistema social. Acho que são meios para conseguir obter controle sobre aquilo que tem formado meu ego. A crítica também é um elemento desse sistema, desse método.

P. Qual é a participação de sua experiência pessoal em seu trabalho? Pensando, a título de exemplo, em seu campo de concentração feito com as peças do Lego - estava me lembrando de sua experiência na prisão...
Z. Não sou o primeiro nem serei o último artista a ser preso.

P. Minha pergunta não fazia referência às mitologias pessoais.
Z. O mais importante com relação a este trabalho é o fato de eu ser polonês e não de ter sido preso. Meu objetivo é fazer com que meus trabalhos sejam universais. Quando nos referimos a `dispositivos corretivos´ estou considerando todos os poloneses que cresceram aqui, que freqüentaram a escola e que de alguma maneira foram formados e tiveram alguma ligação com a experiência de campos de concentração - na escola ou por meio de livros, filmes, história...

P. O senhor incluiu neste trabalho elementos ligados a modelos educacionais, ao problema de importar tecnologia ocidental, know-how, padrões de pensamento ocidentais?
Z. É claro, por isso usei o Lego. Quase tudo está presente nesse sistema. E na Polônia, um dos países que não colonizaram, mas que foi submetido a pressões colonizadoras, a racionalidade está associada à influência ocidental, à ordem teutônica, à força, à colonização alemã... colonizando extremos remotos da Europa. Mas quero colocar a questão - não pretendo controlar todos os pontos de vista do público. Há toda uma categoria de objetos surrealistas e é importante que eles levantem a maior controvérsia moral possível. Isso pode ser provocante do ponto de vista moral.

P. Muitos dos trabalhos nesta exposição dizem respeito a vários valores; por outro lado, também se referem a design. Eles me fazem lembrar da estratégia de trabalho usada por Toscani para a Benetton, que localiza os tabus culturais e projeta por meio deles determinados padrões e temas. Será que um supermercado seria um local mais apropriado do que uma galeria para exibir seus trabalhos?
Z. Esses trabalhos abordam em parte as coisas que conhecemos de um ponto de vista da vida `normal´. Gostaria de poder dizer que essa realidade é o que pode ser comprado em uma loja. E isso é mais real do que a natureza. Sou a favor do uso de uma linguagem que seja dolorosamente comunicativa. Precisamos começar a pensar como produtores dessas mercadorias e isso é o que pretendo simular no nível estético. Portanto, preciso pensar como um designer e não como artista. Hoje o design cria estéticas muito mais fortes do que a arte. Várias funções sociais anteriormente desempenhadas pela arte hoje foram substituídas pelo design. O pacote torna-se o produto, as necessidades estéticas e o gosto são criados pelos designers.

P. Como diretor de arte de sua `própria empresa´, o senhor empacota idéias?
Z. O que é relevante é o absurdo. Às vezes um absurdo doloroso. Ajo como se fosse um alto assalariado de uma empresa, onde sou um dos elementos de uma grande máquina, onde sou o condutor de tudo, reproduzindo a maneira como uma grande equipe atua. Se posso usar as peças do Lego para construir um campo de concentração, demonstro dessa maneira o absurdo de outros conjuntos - tão absurdos quanto o meu.



Cronologia


Nasceu em Pabianice, próximo a Lódz, na Polônia, em 7 de julho de 1959. Em 1979 iniciou seus estudos de pedagogia em Torún. Passou a freqüentar, em 1980, o ateliê Strych onde foram criadas ações e performances. Foi preso em 1982 por imprimir publicações ilegalmente e permaneceu por um ano em um campo de prisioneiros políticos. Entre 1983 e 1986 atuou como editor do jornal Kultura Zrzuty, cujo nome era formado a partir das letras dos nomes dos artistas. Entre 1985 e 1989 trabalhou em conjunto com o artista Jerzy Truszkovski no grupo punk Sternenhoch, onde tocava piano e baixo. Entre 1988 e 1990 residiu na casa de Zofia Kulik e Przemyslaw Kwiek, onde atuou como modelo de Zofia. Em 1992 casou-se com a artista Mariola Przyjemska. É autor de vários filmes e de trabalhos em vídeo. Vive e trabalha em Varsóvia.


Exposições individuais

1993
Works with Air and Electricity, Na Mazowieckiej Gallery, Varsóvia, Polônia.
1992
Centre for Contemporary Art, Ujazdowski Castle, Varsóvia, Polônia.
1990
Galeria Teatru Studyjnego, Lódz, Polônia.
1989
Galeria Grodzka, BWA, Lublin, Polônia.
1982
Strych, Lódz, Polônia.


Exposições coletivas

1996
Festival de Vídeo 9, Podevil, Berlim, Alemanha; Libera, Przyjemska, Stanczak, Skuc Gallery, Liubliana, Eslovênia.
1995
New Is For New Years, Kunstlerhaus Bethanien, Berlim, Alemanha; Beyond/Belief, Museum of Contemporary Art, Chicago, Estados Unidos.
1994
Medienbiennale Minima Media, Kunsthalle Elsterpark and VEB Factory Hall, Leipzig, Alemanha; Zeitgenössische, Kunstverein Freitburg, Alemanha; Video Installations, Galeria Sztuki, Sopot, Polônia; Europa, Europa, Kunst-und Ausstellungshalle der BRD, Bonn, Alemanha.
1993
Aperto ´93, Biennale di Venezia, Itália; Unvollkommen, Museum Bochum, Alemanha.
1992

Current Situation, Otso Gallery, Espoo, Finlândia; Perseweracja Mistyzna i Róza, Galeria Sztuki, Sopot, Polônia; Miejsca, nie miejsca, centrum Rzezby Polskiej, Oronsko, Polônia
1991
Doppelte Identität. Polnische Kunst zu Beginn der Neunziger Jahre, Landesmuseum, Wiesbaden, Alemanha; Kunst Europa, Bonner Kunstverein, Bonn, Alemanha.
1990
Bakunin in Dresden, Kunstmuseum Düsselfdorf, Alemanha; Dreichtorhallen Hamburg, Alemanha; Festival AVE, Arnhem, Holanda.
1987
Zlote Czolko, Galeria Wschodnia, Lódz, Polônia; Supplements. Contemporary Polish Drawing, John Hansard Gallery, Southampton, Inglaterra.