| Por Carlos Alberto Pereira
A 23� Bienal Internacional de S�o Paulo mostrar� em outubro os trabalhos de Tran Tho, o estupendo mestre da pintura do Vietn�, o que dar� aos brasileiros de menos de 35 anos de idade a oportunidade de conhecer melhor sua obra de qualidade �mpar. Desde 1976, Tho s� tem se apresentado nos Estados Unidos e na Europa, que dividiram com o Brasil sua perman�ncia laboriosa e a brilhante produ��o art�stica.
Sua refinada obra est� representada em importantes cole��es que buscam o testemunho da arte contempor�nea do Vietn�, com a harmoniosa alian�a da arte antiga, de dois mil�nios, produzindo uma das mais lindas express�es pl�sticas que se conhece. Da t�cnica milenar refletiu os esfor�os para uma s�ntese entre a pintura do Ocidente, da qual utilizou a forma, e a do Oriente, de cujo conte�do se serviu. Catalisou tradi��o e arte moderna, impondo-se uma disciplina severa, sem possibilidade de manifesta��o med�ocre.
Desta obra admir�vel, tranq�ila, porque instalada sobre s�lidos alicerces, o artista desabrocha e desenvolve uma arte livre que incorpora � perfei��o o requinte do gosto do Extremo Oriente. O pintor exprime sua vis�o �ntima como mensagem, conseguindo magn�ficas express�es de cores que guardam todavia o t�nue v�u de inef�vel mist�rio.
A arte do Vietn� � mais bem entendida pelo balan�o entre o avan�o da forma mais representativa da pintura moderna com a sensibilidade da t�cnica milenar. Inova��o e experimento foram cuidadosamente avaliados e explorados dando lugar a um pendor para a abstra��o numa variedade de estilos: caligrafismo, tachismo t�m seu pr�prio caminho com o pincel resultando delicadas camadas numa textura intrincada que evoluiu dos v�rios tons de cinza e negro para cores nas quais as concep��es espiritual e art�stica tiveram uma influ�ncia decisiva nas pinturas, refletindo ent�o muitos aspectos de 'uma pura arte vietnamita'. Ultrapassaram a magnitude essencialmente decorativa, puderam atingir um novo idioma para um old medium pelo uso novo de estilo vivo e cores poderosas, usando materiais incomuns, em mistura de pigmentos, como cola, laca, madeira, eggshells, metais nobres, minerais, tudo dando �s pinturas mais cor, vigor, caracter�stica, um cachet diferenciado, uma vis�o forte e um pensamento sensual.
A partir de cores simples, que podem ser preservadas por longo tempo, Tho tem a sensibilidade e a vibra��o de um excelente colorista, capaz de formar um sistema de cores em v�rios n�veis, mantendo-o claro e v�vido pelo blend de leves e diminutos toques de cores, aplicadas em v�rias dire��es do pincel que por introvers�o redundam numa virtuosidade de delicadeza extraordin�ria, cores ricas e muitas sombras dentro e acima umas das outras, trazendo a claridade e a transpar�ncia em ritmos integrados de expressividade.
O conv�vio com as pinturas de Tran Tho proporciona inigual�vel gratifica��o est�tica e espiritual, de permanente descoberta, refletindo, com a eleg�ncia e a sofisticada finesse de suas transpar�ncias e penumbras, o verdadeiro espelho d'�gua de Narciso, que do belo de sua arte e paz interior nos tornam observadores privilegiados das imagens de sua terra e sua gente, suas crian�as, suas vilas, camponeses laboriosos e a sempre bela e tranq�ila mulher, m�e, p�tria, paix�o.
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| Nasceu em Saigon em 1922, estudou na Ecole des Beaux-Arts, tendo se estabelecido em Paris em 1947 e sido reputado como artista exponencial da arte vietnamita, que representou com grande sucesso na Biennale di Venezia de 1954 e de 1956. Participou e recebeu pr�mios nas Bienais de S�o Paulo, entre 1955 e 1965, quando passou a dividir domic�lio e est�dio em Nova York, S�o Paulo e Roma.
Exposi��es individuais
1981 Mishkenot Sha'ananim, Jerusal�m, Israel; Galeria Documenta, S�o Paulo, Brasil. 1979 Galeria Documenta, S�o Paulo, Brasil; Pleiades Gallery, Nova York, Estados Unidos. 1978 Galeria Documenta, S�o Paulo, Brasil. 1976 Yath Club, Rio de Janeiro, Brasil; Pleiades Gallery, Nova York, Estados Unidos. 1975 Chelsea Galerias, S�o Paulo, Brasil. 1974 The Interchurch Center, Nova York, Estados Unidos; Pleiades Gallery, Nova York, Estados Unidos. 1972 The Cubiculo, Nova York, Estados Unidos; The New York Shakespeare Theater, Nova York, Estados Unidos. 1970 New School for Social Research, Nova York, Estados Unidos; Graduate Center Mall, Nova York, Estados Unidos. 1969 Chelsea Galerias, S�o Paulo, Brasil. 1967 Chelsea Galerias, S�o Paulo, Brasil. 1965 Chelsea Galerias, S�o Paulo, Brasil. 1963 Galeria Bonino, Rio de Janeiro, Brasil. 1954 Palazzo C� Giustianian, Veneza, It�lia. 1953 Museu de Arte e Hist�ria, Genebra, Su��a.
Pr�mios
1970 Graduate Center Mall of Cuny, mostra individual, Nova York, Estados Unidos. 1967 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1965 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1963 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1961 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1959 Pr�mio Garzanti, contribui��o art�stica para a Cidade do Vaticano, Roma, It�lia; Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1957 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1956 Bienalle di Venezia, men��o honrosa, It�lia. 1955 Bienal de S�o Paulo, men��o honrosa, Brasil. 1954 1� pr�mio outorgado pelo presidente da It�lia, Luigi Einaudi pela obra que se acha no Palazzo Quirinale, Mil�o, It�lia; Bienalle di Venizia, men��o honrosa, It�lia. 1950 Propagande Fide, contribui��o art�stica para a Cidade do Vaticano Vatican City, Roma, It�lia. Legi�o de Honra, outorgada pelo rei do Camboja, Phnon-Penh, Camboja. Soci�taire du Salon d'Hiver e membro do j�ri, Paris, Fran�a.
Cole��es
Iate Clube da Urca, Rio de Janeiro, Brasil; Banco Nacional, S�o Paulo, Brasil; Banco de Boston, S�o Paulo, Brasil; Galeria Documenta, S�o Paulo, Brasil.
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