| Por Aurel Hrabusicky
A Rede Intermedial Eslovaca
O uso de objetos esportivos no trabalho de Július Koller está intimamente relacionado à concepção de sua obra. Praticamente desde o início de sua busca criadora, ele vem tentando distanciar-se da arte, posicionando seu trabalho como um processo cultural que deve resultar em 'situações culturais'. Essa busca não visa criar "uma nova arte e uma nova estética", mas "uma nova vida... uma nova criatividade, uma nova cultura cosmo-humanística" (1969).
É nesse sentido que Koller considera insuficiente trabalhar exclusivamente no contexto da arte como tal. Ele observa que 'as exposições de arte e as ações da vanguarda' são meros 'revivals ou a exumação do cadáver da arte'. Acima deste cadáver paira um 'espírito vivo que se desprendeu do corpo morto'. Neste lugar, existe a arte profissional superior que realiza uma cultura supraprofissional cosmo-humanística. A criação de cultura - não a de arte - é realizada 'pela transformação da identidade e existência do pintor profissional nos meios de expressão e de uma mídia cultural comunicativa'. Este contexto, até mesmo pessoal, não-profissional colocado com envolvimento à disposição de outros (trabalho de outreach, por exemplo) é um 'jogo cultural'.
Quando, em 1970, em vez de uma exposição, Koller montou um 'ambiente esportivo' - um evento que parecia organizado por um fictício clube de tênis de mesa - e convidou os presentes ao 'vernissage' para jogar uma partida com ele, isto também era uma forma de 'jogo cultural'. O que atraiu Koller - na época, um jogador regular de tênis de mesa - foi a idéia de adotar um jogo limpo e com regras, que, diferentemente daquelas do mundo da política ou dos jogos e intrigas culturais, são aplicadas a todos do mesmo modo. Os 'jogos culturais', baseados no esporte, eram um dos caminhos para se conseguir uma 'vida de jogo limpo'. O tênis de mesa ou outro jogo são essencialmente uma 'troca de bolas', e, nesse caso, uma comunicação direta com o criador e os participantes do jogo. Afinal, a arte funciona a partir de um princípio semelhante a 'trocas' de expressivas alusões.
Durante o período da abusiva 'normalização política' na ex-Tchecoslováquia, Koller rapidamente deu-se conta de que sua tentativa de uma vida baseada no jogo limpo não daria em nada e, assim, os motivos esportivos desapareceram de seu trabalho por um tempo considerável. E só reapareceram no final dos anos 80, notadamente na forma de um tribunal ou área para esportes, que era dividido pela força, como, por exemplo, por uma muralha de jornais atuais com sua pletora de obscurantismo e informação falsa e incorreta.
A denominação 'rede', utilizada na concepção da instalação atual e entendida a partir da imagem de comunicação envolvente ou situação cultural, é uma denominação que Koller vem usando desde 1991 em suas instalações espaciais e de antipintura e em suas performances. Um motivo freqüentemente associado é o das três cores nacionais eslovacas, o branco, o azul e o vermelho. E, novamente, isto é verdadeiro no presente exemplo, em que refletores com filtros coloridos iluminam - por meio de um conjunto de redes de futebol tremulando mediante uma corrente de ar impelida por ventiladores - a atual 'situação da informação' na Eslováquia na forma de uma parede empapelada com fragmentos dos jornais do país. É a imagem de uma dinâmica, uma 'situação cultural' constantemente modificada, que nenhuma 'rede de informações' pode apreender adequadamente. Ao mesmo tempo, é também a imagem do presente estágio de desenvolvimento dos meios e dos sistemas de informação nos países pós-comunistas, a representação de nossa 'rede de computadores'.
| |
| |
| Nasceu em Piestany, na Eslováquia, em 28 de maio de 1939. Entre 1959 e 1965 estudou na Academy of Fine Arts, em Bratislava, e no estúdio do professor Jan Zelibsky. Em 1990, estabeleceu com Peter Ronai e Milan Adamciak a associação de arte New Seriousness.
Exposições
1994 The Life of Art, Eslováquia;The Slovak Art Today in Esslinger, Copenhague, Dinamarca; After the Spring, Contemporary Art Sidney, The Museum of Contemporary Art, Austrália. 1993 Jiri Sevcik and Jana: Second Exit, Ludwig Forum, Aachen, Alemanha: The Slovak Art Today in Esslingen, Alemanha; Second Exit, Ludwig Forum, Aachen, Alemanha; After the Spring, Contemporary Czech and Slovak Art, exposição itinerante em três locais: Sidney, Austrália; Canberra, Austrália; Melbourne, Austrália; The Gap in the Space, Gropius Bau, Berlim, Alemanha; Galeria Zagheta, Varsóvia, Polônia. 1992 From an Anti-Happening Question Marks to the Seriousness of WayLine Catalogue the Routes of European, Culture Lopz, Polônia. 1982 Aurel Hrabusicky: Július Koller-Probes, Slovak National Gallery, Bratislava, Eslováquia. 1980 Strauss Thomas: Three Model Situations of Contemporary Art Actions in Work and Word, Galerie der Appel, Amsterdã, Holanda.
| |
|
|