.

Sem t�tulo
1995. Cer�mica, 85X45 cm. Cole��o P.T.T., Haia, Holanda





Sem t�tulo
1992. Cer�mica e tinta acr�lica, 30X130X160 cm. Cole��o M. Sanders, Amsterd�, Holanda



 


 


Tom Claassen

Por Paul Donker Duyvis


A Pele nas Esculturas Psicom�rficas de Tom Claassen

O trabalho mais interessante da exposi��o The Large Poem Impressions of Dutch Sculpture after 1945 � de autoria do jovem artista Tom Claassen (1964). A exposi��o teve lugar em uma velha igreja. Claassen inseriu no pavimento feito de pedras com velhas inscri��es esvanecidas uma imensa mancha feita de areia amarela. Um olhar mais atento revelou que se tratava de um grupo de Laying Lions - t�o planos quanto um cobertor; a vida teria escapado de seus corpos como se se tratasse de ar saindo de bal�es inflados.

Um triste trof�u, o resultado de um saf�ri proibido? Talvez os le�es estivessem apenas dormindo sobre a areia de modo a economizar energia no calor tropical? Outra possiblidade � dos le�es terem acabado de nascer e ainda estarem envoltos com a placenta da qual parecem emergir.

O relevo de areia e os le�es estabeleciam uma unidade perfeita com as antigas decora��es das pedras. Este trabalho � uma refer�ncia pessoal � vaidade, a s�mbolos da pintura holandesa do s�culo XVII. Tamb�m faz refer�ncia � pintura aleg�rica de Rembrandt que traz um le�o e que pertence � cole��o do Boymans-van Beuningen Museum em Roterd�.

O trabalho de Claassen � surpreendente e sempre integra uma abordagem humor�stica. O artista brinca com os materiais e com a estrutura da superf�cie.

Um objeto macio aparece como sendo duro, aquilo que � leve parece pesado e o que � massivo parece oco. Ele utiliza materiais convencionais como bronze, areia, assim como borracha e um tipo de poliestireno de baixo custo. O conte�do parece ing�nuo e engra�ado, mas, ao contr�rio, � sempre preciso e s�rio. Claassen utiliza formas pouco convencionais para investigar as conven��es da escultura. Seu trabalho � humano, caloroso e objetivo; nunca assume posturas arrogantes nem absolutas. S�o raras as indica��es quanto a seu conte�do e suas esculturas nunca t�m t�tulos.

Ele definiu seu trabalho como psicom�rfico e sempre estabelece compara��es com os seres humanos. Suas esculturas se recostam, sentam, ficam eretas ou penduradas.

Recentemente, exp�s tr�s carros trombados em um espa�o vazio. As esculturas s�o feitas de poliestireno recoberto de gesso. Como se fossem esculturas minimalistas, estavam montadas de tr�s maneiras diferentes: sobre as quatro rodas, de lado e de ponta-cabe�a, como se fossem animais deitados com as quatro patas balan�ando vulneravelmente no ar.

Formalmente, a exposi��o faz refer�ncia �s tr�s dimens�es de um objeto. A instala��o tamb�m � o cen�rio onde um drama se desenrola: um acidente de carros que envolveu tr�s ve�culos. Ao mesmo tempo, o trabalho reflete mem�rias da inf�ncia: de um menino manipulando seus brinquedos. As superf�cies dos m�biles brancos s�o curvas e onduladas como a pele humana esticada entre dedos. Este aspecto lhes confere um qu� de linguagem de hist�rias em quadrinhos, como se fossem ind�viduos capazes de falar e agir.

O interesse de Claassen na superf�cie da pele ficou evidenciado por ocasi�o de sua primeira exposi��o individual realizada em 1992 em Amsterd�. Dois banheiros-cabines moldados em lat�x transparente eram pendurados no teto por meio de dois ganchos que lembravam pele ou papel descart�vel.

Talvez seus trabalhos-pele fa�am refer�ncia a Bartolomeu segurando sua pr�pria pele na m�o esquerda no Ju�zo Final de Michelangelo (Capela Sistina). Neste trabalho recente tamb�m podemos ver a pele sem vida como se fosse um bal�o sem ar, com dobras e rugas. A pele esfolada � um atributo tradicional de S�o Bartolomeu; o signo de seu mart�rio. Michelangelo deu a Bartolomeu uma pele nova e perfeita, por�m pintou seu pr�prio rosto na pele velha; um pecador fora do Para�so. O sentido simb�lico da velha pele que foi substitu�da por uma nova enquanto forma de renova��o e de purifica��o inspirou Michelangelo a escrever o seguinte poema:

"Como se fosse uma velha serpente esgueirando-se por uma estreita passagem
e perdendo sua velha pele
poderia me renovar
abrir m�o de meu estilo de vida e de todos os desejos humanos
tenho perfeita consci�ncia de que quando se est� coberto com uma pele mais forte
o mundo passa a n�o significar nada."

� tentador comparar a pele macia e fofa de Bartolomeu com o corpo sem ar do beb� com luvas de box e a colcha da cama feita de silicone, que remete � casta, de autoria de Tom Claassen. Estas duas modernas alegorias da vaidade n�o s�o apenas uma refer�ncia superficial �s sensuais curvas da superf�cie; s�o impressionantes imagens da melancolia.

H� ainda um outro aspecto da temporalidade no trabalho de Claassen. As esculturas feitas de areia ou de borracha se dissolvem rapidamente.



Cronologia


Nasceu em Heerlen na Holanda em 1964. Estudou escultura na Academia St. Joost em Breda. Vive e trabalha na Holanda.


Exposi��es individuais

1994
Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda.
1992
Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; Breda, Holanda.
1991
Lokaal 01, Breda, Holanda.
1990
Adriaan Wulfse Startgalerie, Amersfoort, Holanda


Exposi��es coletivas

1995
Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; De opstand der dingen, CBK, Dordrecht, Holanda; Opname, Ignatius Ziekenhuis, Breda, Holanda; Aankopen stadscollectie Breda '91- '94, De Beyerd, Breda, Holanda; Orientation, 4th Istanbul Biennial, Istambul, Turquia; Scanning sculpture, Artist's Hertogenbosch, Holanda; Raw Material, Rijksmuseum Kr�ller-Muller, Otterloo, Holanda.
1994
Het Grote Gedicht, beeldhouwkunst in Nederland na 1945, Grote Kerk, Haia, Holanda; Zomerbeelden, Goes, Holanda; Art Hotel, 60 rooms with a view, Amsterdam Hilton Hotel, Amsterd�, Holanda; Tom Claassen/Rineke Dijkstra, Bureau Amsterdam, Amsterd�, Holanda; Voorwaar, De Garage, Hoorn, Holanda.
1993
Mik, Strik, van Lieshout, Bolink, Claassen, Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; Art Contemporain '93', Bruxelas, B�lgica; Reis naar het einde van het atelier, Lokaal 01, Breda, Holanda; Coulissen, Park Wolfslaar, Breda, Holanda.
1992
Peiling '92, negen jonge kunstenaars in Nederland, Museum Boymans van Beuningen, Roterd�, Holanda; Multiple Difference, Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda.
1991
Umsonst, Lighthouse IBK, Nijmegen, Holanda.
1989
Start '89, Centraal Beheer, Apeldoorn, Holanda.
1989
Zomeropstelling Galerie Seegeren, Breda, Holanda.


Pr�mios

1994
Charlotte K�hler Prijs