| Por Paul Donker Duyvis
A Pele nas Esculturas Psicom�rficas de Tom Claassen
O trabalho mais interessante da exposi��o The Large Poem Impressions of Dutch Sculpture after 1945 � de autoria do jovem artista Tom Claassen (1964). A exposi��o teve lugar em uma velha igreja. Claassen inseriu no pavimento feito de pedras com velhas inscri��es esvanecidas uma imensa mancha feita de areia amarela. Um olhar mais atento revelou que se tratava de um grupo de Laying Lions - t�o planos quanto um cobertor; a vida teria escapado de seus corpos como se se tratasse de ar saindo de bal�es inflados.
Um triste trof�u, o resultado de um saf�ri proibido? Talvez os le�es estivessem apenas dormindo sobre a areia de modo a economizar energia no calor tropical? Outra possiblidade � dos le�es terem acabado de nascer e ainda estarem envoltos com a placenta da qual parecem emergir.
O relevo de areia e os le�es estabeleciam uma unidade perfeita com as antigas decora��es das pedras. Este trabalho � uma refer�ncia pessoal � vaidade, a s�mbolos da pintura holandesa do s�culo XVII. Tamb�m faz refer�ncia � pintura aleg�rica de Rembrandt que traz um le�o e que pertence � cole��o do Boymans-van Beuningen Museum em Roterd�.
O trabalho de Claassen � surpreendente e sempre integra uma abordagem humor�stica. O artista brinca com os materiais e com a estrutura da superf�cie.
Um objeto macio aparece como sendo duro, aquilo que � leve parece pesado e o que � massivo parece oco. Ele utiliza materiais convencionais como bronze, areia, assim como borracha e um tipo de poliestireno de baixo custo. O conte�do parece ing�nuo e engra�ado, mas, ao contr�rio, � sempre preciso e s�rio. Claassen utiliza formas pouco convencionais para investigar as conven��es da escultura. Seu trabalho � humano, caloroso e objetivo; nunca assume posturas arrogantes nem absolutas. S�o raras as indica��es quanto a seu conte�do e suas esculturas nunca t�m t�tulos.
Ele definiu seu trabalho como psicom�rfico e sempre estabelece compara��es com os seres humanos. Suas esculturas se recostam, sentam, ficam eretas ou penduradas.
Recentemente, exp�s tr�s carros trombados em um espa�o vazio. As esculturas s�o feitas de poliestireno recoberto de gesso. Como se fossem esculturas minimalistas, estavam montadas de tr�s maneiras diferentes: sobre as quatro rodas, de lado e de ponta-cabe�a, como se fossem animais deitados com as quatro patas balan�ando vulneravelmente no ar.
Formalmente, a exposi��o faz refer�ncia �s tr�s dimens�es de um objeto. A instala��o tamb�m � o cen�rio onde um drama se desenrola: um acidente de carros que envolveu tr�s ve�culos. Ao mesmo tempo, o trabalho reflete mem�rias da inf�ncia: de um menino manipulando seus brinquedos. As superf�cies dos m�biles brancos s�o curvas e onduladas como a pele humana esticada entre dedos. Este aspecto lhes confere um qu� de linguagem de hist�rias em quadrinhos, como se fossem ind�viduos capazes de falar e agir.
O interesse de Claassen na superf�cie da pele ficou evidenciado por ocasi�o de sua primeira exposi��o individual realizada em 1992 em Amsterd�. Dois banheiros-cabines moldados em lat�x transparente eram pendurados no teto por meio de dois ganchos que lembravam pele ou papel descart�vel.
Talvez seus trabalhos-pele fa�am refer�ncia a Bartolomeu segurando sua pr�pria pele na m�o esquerda no Ju�zo Final de Michelangelo (Capela Sistina). Neste trabalho recente tamb�m podemos ver a pele sem vida como se fosse um bal�o sem ar, com dobras e rugas. A pele esfolada � um atributo tradicional de S�o Bartolomeu; o signo de seu mart�rio. Michelangelo deu a Bartolomeu uma pele nova e perfeita, por�m pintou seu pr�prio rosto na pele velha; um pecador fora do Para�so. O sentido simb�lico da velha pele que foi substitu�da por uma nova enquanto forma de renova��o e de purifica��o inspirou Michelangelo a escrever o seguinte poema:
"Como se fosse uma velha serpente esgueirando-se por uma estreita passagem e perdendo sua velha pele poderia me renovar abrir m�o de meu estilo de vida e de todos os desejos humanos tenho perfeita consci�ncia de que quando se est� coberto com uma pele mais forte o mundo passa a n�o significar nada."
� tentador comparar a pele macia e fofa de Bartolomeu com o corpo sem ar do beb� com luvas de box e a colcha da cama feita de silicone, que remete � casta, de autoria de Tom Claassen. Estas duas modernas alegorias da vaidade n�o s�o apenas uma refer�ncia superficial �s sensuais curvas da superf�cie; s�o impressionantes imagens da melancolia.
H� ainda um outro aspecto da temporalidade no trabalho de Claassen. As esculturas feitas de areia ou de borracha se dissolvem rapidamente.
| |
| |
| Nasceu em Heerlen na Holanda em 1964. Estudou escultura na Academia St. Joost em Breda. Vive e trabalha na Holanda.
Exposi��es individuais
1994 Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda. 1992 Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; Breda, Holanda. 1991 Lokaal 01, Breda, Holanda. 1990 Adriaan Wulfse Startgalerie, Amersfoort, Holanda
Exposi��es coletivas
1995 Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; De opstand der dingen, CBK, Dordrecht, Holanda; Opname, Ignatius Ziekenhuis, Breda, Holanda; Aankopen stadscollectie Breda '91- '94, De Beyerd, Breda, Holanda; Orientation, 4th Istanbul Biennial, Istambul, Turquia; Scanning sculpture, Artist's Hertogenbosch, Holanda; Raw Material, Rijksmuseum Kr�ller-Muller, Otterloo, Holanda. 1994 Het Grote Gedicht, beeldhouwkunst in Nederland na 1945, Grote Kerk, Haia, Holanda; Zomerbeelden, Goes, Holanda; Art Hotel, 60 rooms with a view, Amsterdam Hilton Hotel, Amsterd�, Holanda; Tom Claassen/Rineke Dijkstra, Bureau Amsterdam, Amsterd�, Holanda; Voorwaar, De Garage, Hoorn, Holanda. 1993 Mik, Strik, van Lieshout, Bolink, Claassen, Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda; Art Contemporain '93', Bruxelas, B�lgica; Reis naar het einde van het atelier, Lokaal 01, Breda, Holanda; Coulissen, Park Wolfslaar, Breda, Holanda. 1992 Peiling '92, negen jonge kunstenaars in Nederland, Museum Boymans van Beuningen, Roterd�, Holanda; Multiple Difference, Galerie Fons Welters, Amsterd�, Holanda. 1991 Umsonst, Lighthouse IBK, Nijmegen, Holanda. 1989 Start '89, Centraal Beheer, Apeldoorn, Holanda. 1989 Zomeropstelling Galerie Seegeren, Breda, Holanda.
Pr�mios
1994 Charlotte K�hler Prijs
| |
|
     |