.

Sem t�tulo
1994. A�o inoxid�vel, 180X200X120 cm. Foto: Wilton Montenegro. Cole��o: Gilberto Chateaubriand





Vidro e A�o
1994. Vidro e a�o, 50X36X27 cm. Foto: Romulo Fialdini



 


 


Waltercio Caldas

Por Agnaldo Farias


Waltercio Caldas: A Consci�ncia do Intervalo

As obras de Waltercio Caldas provocam um estado de suspens�o naqueles que as contemplam. Desmontam a certeza da experi�ncia, pulverizam a acuidade do olhar, deslocam o espectador para uma posi��o inquietante, onde a percep��o visual n�o se d� como rotineiramente. De fato, n�o se oferecem como simples alteridades. S�o antes o m�vel por onde acontece o ataque aos olhos absortos do espectador, o campo de ativa��o do seu pensamento, de uma rela��o conflitante deflagrada pelo c�lculo preciso e parcimonioso de meios. A limpidez de suas formas, sua eleg�ncia, contrasta com o inacabamento ou a virtualidade que tamb�m sugerem. O olhar os vai adejando cautelosamente para ao final recolher a impress�o de que s� teve acesso a uma fra��o apenas. Assim � que essas obras postam-se freq�entemente como por��es delicadas, rarefeitas de mat�ria, rondando e desafiando perigosamente sua pr�pria exist�ncia. N�o s�o corpos inequ�vocos, evidentes, que, � maneira das tradicionais esculturas constitu�das de mat�ria e opacidade, abrem clareiras na vacuidade do espa�o. � como se a subst�ncia de que s�o feitas, mesmo quando pouca, desejasse e se confundisse com o ar mais pr�ximo. S�o mais propensos ao estabelecimento de situa��es tensas do que a mera ocupa��o de um lugar. Seriam - como quer o pr�prio artista - instantes escult�ricos, talvez o nome mais adequado para pensar-se o modo como invadem sob a forma de reverbera��es e virtualidades esse territ�rio imediatamente vizinho, esse intervalo invis�vel e silencioso que h� entre as coisas, ou que envolve cada uma delas, e que com descuido freq�ente chamamos de vazio.

Ainda segundo as obras elaboradas por Waltercio Caldas, aus�ncia e presen�a s�o termos intercambi�veis do mesmo modo como na m�sica o som conjuga-se com o sil�ncio. � certo que possuem interior e superf�cie, mas deles tamb�m faz parte o que acontece al�m de suas pr�prias fronteiras. Mesmo porque, n�o obstante o despojamento desses instantes escult�ricos, o fato � que se servem do pouco para enfeixar o espa�o, volumetriz�-lo, modul�-lo, conferir-lhe carne e qualidade.

� inevit�vel que algumas indaga��es brotem desses trabalhos, a prova cabal do sucesso de suas exist�ncias como hip�teses: quanto de mat�ria cabe adormecida nos limites de um volume no espa�o? Quanto dela, por efeito do atrito com o ar, descola-se desse volume e no ar vai se propagando? Quanto dela se desdobra em imagens que se v�o colando �s nossas retinas? E quanto desse volume existe pela pot�ncia do nosso olho que, engatado no nosso pensamento, na nossa experi�ncia transmutada em mem�ria, persistentemente injeta-lhe significados persistentemente empreende sua paralisia e captura?

Tudo, enfim, concorre para a indefini��o dessas obras, ao fim e ao cabo afamiliadas com aquelas que a hist�ria da arte convencionou chamar de esculturas. Mas mat�ria, forma e escala est�o longe de ser foco primordial, todos v�m a reboque da id�ia, s�o seu suporte milim�trico. Do mesmo modo essas obras n�o se prestam a serem trespassadas por significa��es de natureza afetiva como as que uma certa concep��o de arte, produtora de cenas, figurativas ou abstratas, nos acostumou a esperar. E, por �ltimo, mesmo a reconstru��o do processo que os gestou n�o os explica. De fato n�o importa, uma vez que n�o foram deixados rastros capazes de conferir um sentido extra, uma escora que facilite a viv�ncia do ato perceptivo. Sem apelos exteriores, essas obras se mant�m inc�lumes, � dist�ncia do espectador, ensejando t�o somente o contato de olhar realizado com a respira��o calma. E de t�o sint�ticos parecem abstra��es efemeramente encarnadas. S�o, por assim dizer, presen�as em estado puro, exaltadas pelo encanto de suas apar�ncias sutis e condensadas.



Cronologia


Nasceu em 1946 no Rio de Janeiro, Brasil. Estudou com Ivan Serpa em 1965. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.


Exposi��es individuais

1996
Anota��es 1969/1996, Pa�o Imperial, Rio de Janeiro, Brasil.
1995
Joel Edelstein Arte Contempor�nea, esculturas e desenhos, Rio de Janeiro, Brasil; Centre D'Art Contemporain, esculturas, Genebra, Su��a.
1994
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, esculturas, S�o Paulo, Brasil.
1993
Museu Nacional de Belas Artes, esculturas, Rio de Janeiro, Brasil.
1992
Stedelijk Museum, Schiedam, esculturas e desenhos, Holanda.
1991
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, esculturas e desenhos, S�o Paulo, Brasil; Kanaal Art Foundation, Courtrai, esculturas e desenhos, B�lgica.
1990
Galeria 110 Arte Contempor�nea, desenhos, Rio de Janeiro, Brasil; Pulitzer Art Gallery, Holanda.
1989
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, esculturas, S�o Paulo, Brasil.
1988
Galeria S�rgio Milliet/Funarte, esculturas, Rio de Janeiro, Brasil; Galeria Paulo Klabin, esculturas, Rio de Janeiro, Brasil.
1986
Galeria Paulo Klabin, esculturas, Rio de Janeiro, Brasil; Gabinete de Arte Raquel Arnaud, esculturas, S�o Paulo, Brasil.
1984
Galeria GB Arte, esculturas, Rio de Janeiro, Brasil.
1983
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, instala��o, S�o Paulo, Brasil.
1982
Gabinete de Arte Raquel Arnaud, esculturas, S�o Paulo,Brasil; Universidade Federal do Rio de Janeiro, instala��o, Rio de Janeiro, Brasil.
1980
Ping-Ping, instala��o, Galeria Saramenha, Rio de Janeiro, Brasil; 0 � Um, instala��o, Projeto ABC/Parque da Catacumba, Rio de Janeiro, Brasil.
1979
Aparelhos, Galeria Luisa Strina, esculturas, S�o Paulo, Brasil.
1976
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,Brasil, esculturas e objetos, Rio de Janeiro, Brasil.
1975
A Natureza dos Jogos, esculturas, objetos e desenhos, Museu de Arte de S�o Paulo, Brasil; Galeria Luisa Strina, esculturas e desenhos, S�o Paulo, Brasil.
1974
Narrativas, objetos e desenhos. Galeria Luiz Buarque de Hollanda & Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro, Brasil.
1973
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; objetos e desenhos.


Exposi��es coletivas

1995
Brasil in New York, Galerie Lelong, Nova York, Estados Unidos; Desafios Contempor�neos, Galeria PA Objetos de Arte, Rio de Janeiro, Brasil; Brasil; Dinheiro, Divers�o e Arte, Centro Cultural Banco do Brasil, Brasil; Exposi��o Internacional de Gravura de Curitiba, Brasil; Drawing on Chance, Museum of Modern Art of New York.
1994
Brasil S�culo XX, Funda��o Bienal de S�o Paulo, Brasil; A Arte com a Palavra, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Weltanschauung, Goethe Institute, Turin, It�lia; Entretexto, Universidade Federal Fluminense, Niter�i, Brasil; A Fronteira dos Vazios, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Precis�o, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Global Climate, Ludwig Forum f�r Internationale Kunst, Aachen, Alemanha; Trincheiras, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Gravura Brasileira, Galeria GB Arte, Rio de Janeiro, Brasil; Arte Cidade, Projeto da Secretaria de Cultura do Estado de S�o Paulo, Brasil; A Espessura do Signo, Karmeliter Kloster, Frankfurt, Alemanha; Mapping, Museum of Modern Art, Nova York, Estados Unidos.
1993
Klima Global, Staatliche Kunsthalle, Col�nia, Alemanha; Latinamerikanische Kunst im 20. Jahrhundert, Josef Hanbrich Kunsthalle, Col�nia Alemanha; Latin American Artists of the Twentieth Century, Museum of Modern Art, Nova York, Estados Unidos; Espa�o Namour, Gravuras, S�o Paulo, Brasil; John Gibson Gallery, Nova York, Estados Unidos; P�tica, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, S�o Paulo; Desenho Moderno no Brasil, Galeria do SESI, S�o Paulo, Brasil; Segni d'Arte, Fundacione Stanpalia, Veneza, It�lia; Segni d'Arte, Biblioteca Nazionale, Mil�o, It�lia; Segni d'Arte, Biblioteca Nazionale, Floren�a, It�lia; Segni d'Arte, Palasso Pamphili, Roma, It�lia; Out of Place, Vancouver Art Gallery, Canad�; L'ordre des choses, Domaine de Kerguehennac, Fran�a; A Presen�a do Ready-Made 80 anos, Museu de Arte Contempor�nea, S�o Paulo, Brasil; Arte Er�tica, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Um Olhar sobre Joseph Beuys, Museu de Arte de Bras�lia, Brasil; Emblemas do Corpo, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, Brasil; Brasil 100 Anos de Arte Moderna, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil (Cole��o S�rgio Fadel).
1992
Arte Amazonas, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Artistas Latinoamericanos del Siglo Veinte, Sevilha, Espanha; Arte Amazonas, Museu de Arte de Bras�lia, Distrito Federal, Brasil; Quatro Artistas na Documenta, Museu da Rep�blica, Rio de Janeiro, Brasil; Art Contemporain de L'Am�rique Latine, H�tel des Arts, Paris, Fran�a; Artistas na Documenta, Museu de Arte de S�o Paulo, Brasil; Brazilian Contemporary Art, Galeria do IBAC, Rio de Janeiro, Brasil; Cole��o Chateaubriand, anos 60 e 70, Galeria de Arte do SESI, S�o Paulo, Brasil; Exposi��o Internacional de Gravuras, Curitiba, Paran�, Brasil; Raum f�r den n�chsten Augenblick, Documenta IX, Kassel, Alemanha.
1991
Imagem sobre Imagem, Espa�o Cultural S�rgio Porto/RIOARTE, Rio de Janeiro, Brasil; Festival de Inverno, Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil, II Exposi��o Internacional de Esculturas Ef�meras, Fortaleza, Brasil; Cl�ssico no Contempor�neo, Pa�o das Artes, S�o Paulo, Brasil; Am�rica, Koninkjik Museum Voor Shone Kunsten, Antu�rpia, B�lgica.
1990
Transcontinental, Ikon Gallery, Birmingham, Inglaterra; Panorama do Desenho; Museu de Arte Moderna de S�o Paulo, Brasil; Transcontinental, Cornerhouse Gallery, Manchester, Inglaterra; Cor na Arte Brasileira, Pa�o das Artes, S�o Paulo, Brasil; Art L.A. 1990, Los Angeles, Estados Unidos.
1989
Rio Hoje, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, Caminhos, Rio Design Center, Rio de Janeiro, Brasil; Nossos Anos 80, GB Arte, Casa de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, Brasil; Desenho, Uma Gera��o, Galeria Graffiti, Bauru, Brasil; 10 Escultores, Gabinete de Arte Raquel Arnaud, S�o Paulo, Brasil; Arte em Jornal, XX Bienal de S�o Paulo, Brasil.
1988
Express�o e Conceito Anos 70, Galeria G. Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil; Modernidade, Museu de Arte de S�o Paulo, Brasil; Arte Hoje 88, Ribeir�o Preto, Brasil; Papel no Espa�o, Galeria Aktuel, Rio de Janeiro, Brasil.
1987
Arte e Palavra, F�rum de Ci�ncia e Cultura, Rio de Janeiro, Brasil; A Ousadia da Forma, Shopping da G�vea, Rio de Janeiro, Brasil; Imagin�rios Singulares, XIX Bienal de S�o Paulo, Brasil; Elementos do Reducionismo no Brasil, XIX Bienal de S�o Paulo, Brasil; Arte Im�gica, Museu de Arte Contempor�nea de S�o Paulo, Brasil.
1985
Formas Tridimensionais, Museu de Arte Moderna de S�o Paulo, Brasil; A Nova Dimens�o do Objeto, Museu de Arte Contempor�nea de S�o Paulo, Brasil; Cole��o Knijnik, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Brasil; Galeria Montessanti, Rio de Janeiro, Brasil; Petite Galerie, Rio de Janeiro, Brasil; 12 Anos, Galeria Luisa Strina, S�o Paulo, Brasil; Cole��o Denison, Museu de Arte de S�o Paulo, Brasil.
1984
Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro, Brasil; Abstract Attitudes, Center for Inter-American Relations, Nova York, Estados Unidos; Arte Brasileira Atual, Universidade Federal Fluminense, Niter�i, Brasil; Abstract Attitudes, Rhode Island Museum of Art, Providence, Estados Unidos; I Bienal de Havana, Cuba; Tradi��o e Ruptura, Museu de Arte de S�o Paulo, Brasil.
1981
Do Moderno ao Contempor�neo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil, (Cole��o Gilberto Chateaubriand); Artistas Contempor�neos Brasileiros, Galeria S�o Paulo, Brasil; Artistas Brasileiros, Museu de Arte de S�o Paulo, Funda��o Bienal de S�o Paulo, Brasil; Funda��o Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; International Scuptors Meeting, Punta del Este, Uruguai; 3000 m3, Galp�o RIOARTE, Rio de Janeiro, Brasil; Gabinete de Arte Raquel Arnaud, S�o Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; XVII Bienal de S�o Paulo (artista convidado).
1976
Museu de Arte da Bahia, Salvador, Brasil; Casar�o de Jo�o Alfredo, Recife, Brasil; Funda��o Cultural de Bras�lia, DF, Brasil;, Ra�zes e Atualidades, Pal�cio da Artes, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
1975
Panorama do Desenho Brasileiro, Campinas, S�o Paulo, Brasil; Novas Aquisi��es, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Campinas, S�o Paulo, Brasil; Art Graphique Br�silien, Mus�e Galiera, Paris, Fran�a.
1974
Desenhistas Brasileiros, Galeria Maison de France, Rio de Janeiro, Brasil; Galeria Intercontinental, Rio de Janeiro; Arte Grafico Brasile�o Hoy, Barcelona, Espanha.
1973
Vanguarda Internacional, Galeria IBEU, Rio de Janeiro, Brasil, (Cole��o Thomas Cohn); O Rosto e a Obra, Galeria Grupo B, Rio de Janeiro, Brasil; Indaga��o sobre a natureza, significado e fun��o da obra de arte, Galeria IBEU, Rio de Janeiro, Brasil.
1972
Exposi��o Vergara, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Galeria Veste Sagrada, Rio de Janeiro, Brasil; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Sal�o de Ver�o. Men��o Especial do J�ri.
1971
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Sal�o de Ver�o, Men��o Especial do J�ri.
1967
Galeria Gead, Pr�mio Categoria Desenho, Rio de Janeiro, Brasil.


Esculturas em espa�os p�blicos

1994
Omkring, Leirfjord, Noruega; Projeto Sckupturlandskap Nordland.
1992
Formato Cego, Paseo de Las Americas, Punta del Este, Uruguai.
1991
Raum f�r den n�chsten Augenblick, Neue Galerie, Kassel, Alemanha.
1989
Software, escultura luminosa instalada temporariamente no Vale do Anhabaga�, S�o Paulo, Brasil; O Jardim Instant�neo, jardim/escultura, instalado no Parque do Carmo, S�o Paulo, Brasil.


V�deo

1996
Um Rio, realizado por ocasi�o da exposi��o Anota��es 1969/1996, no Pa�o Imperial, dire��o: Waltercio Caldas, Brasil.
1989
Software, uma escultura, dire��o: Ronaldo Tapaj�s.
1986
Apaga-te S�samo, objetos e esculturas, dire��o: Miguel Rio Branco, Pr�mio Especial do J�ri da Jornada de Cinema da Bahia e Pr�mio Melhor V�deo, Melhor Dire��o do Festival de Cinema e V�deo do Maranh�o.


Pr�mios

1993
Pr�mio M�rio Pedrosa, Exposi��o do Ano, Associa��o Brasileira de Cr�ticos de Arte.
1990
Pr�mio Bras�lia, Museu de Arte de Bras�lia, Brasil.
1973
Pr�mio Anual de Viagem, Melhor Exposi��o, Associa��o Brasileira de Cr�ticos de Arte.