| Por Ruber Carvalho Ubrey
A pintura de Jorge Arias Saavedra - Jorarsaa - tem completa relação com sua realidade existencial. Não é um pintor inclinado a aderir aos 'ismos' da moda, sobre os quais tem, entretanto, apropriado conhecimento e informação. Também não é inclinado ao ludismo. Tal como ele mesmo expressa, suas imagens surgem obedecendo à sensibilidade ferida, sem propósitos especulativos.
Até a mocidade, viveu em um ambiente mineiro, triste cenário físico, econômico e social, que feriu profundamente sua sensibilidade. Motivado por essa realidade, teve um primeiro período dedicado aos desenhos e aquarelas, que o aproximaram dos muralistas mexicanos, de Portinari e Di Cavalcanti, e da devoção a Michelangelo, Leonardo e Rafael.
Após cumprir suas obrigações militares, mudou-se para a Argentina, onde foi estudar engenharia na cidade de La Plata, um meio de grande riqueza cultural, próximo a uma das capitais do mundo, Buenos Aires. Diante de obras autênticas de grandes mestres, argentinos e de todo o cosmo pictórico, procurou entender o animus que move a arte e começou sua verdadeira busca.
Sua obra mereceu críticas, como a de Saúl Yurkiewich, que situam sua obra como uma pintura de mensagem, que procura "inserir-se não somente na história da arte, mas em uma história mais ampla, na política econômica e social de seu próprio povo...". Ou como a crítica de Angel Osvaldo Nessi, que, ao apresentar sua primeira mostra individual, disse: "O humano que o artista persegue é conceitual; o tema se sobrepõe à vivência". Essa acertada observação lhe deu a pauta de que sua pintura deveria desenvolver-se em seu meio de origem, quase como um dever.
Imediatamente começou a esboçar um regresso, mas ainda precisou conhecer um homem que daria o toque final em sua preparação: Héctor Cartier, que um dia lhe disse: "Você é um pintor, em conflito com o resto de sua formação, coisa que algum dia você terá de resolver". Enriquecido pela observação, regressou à Bolívia chamado pelo presidente, para trabalhar em planejamento. Foi nomeado presidente da Corporação de Desenvolvimento de seu Estado natal e realizou seu trabalho com afinco. Sua pintura retratava uma realidade social em conflito, que ele queria resolver. Pintou dentro de ribetes negros, com cores extravagantes como de sua bandeira nacional, atuando sem extremismos, não por ecleticismo, mas por convencimento. Somente a riqueza pode combater a pobreza, dentro de uma economia de bem-estar. Jan Tinbergen uniu-se aos seres que o habitavam e o impulsionavam.
Suas exposições pictóricas foram identificadas, pedidas e comentadas. Realizava essas mostras com o título genérico de El Hombre de América. A exposição El Precio de la Libertad foi a última individual deste tempo, antes de se tornar membro do Parlamento boliviano. Não deixou de pintar, de modo que sua obra termina em par com sua imaginação e sem um esboço prévio. A solenidade andina que distingue a capital La Paz apoderou-se do artista e sua pintura encheu-se dos elementos universais do cenário lítico. Uma técnica pessoal, de rochas-céu, de rochas-água, de rochas-homem, configuram uma linguagem própria.
Convidado para a 23ª Bienal Internacional São Paulo, revelou que o tema da mesma coincide com sua preocupação filosófica e conceitual; considera que a filosofia do ano zero de nossa época não será convincente em uma revisão no final do milênio. A desmaterialização da arte deve coincidir com a necessidade de um novo enfoque da realidade. Essa compulsão artística é um desafio à imaginação e ao conceito que se tenha sobre o futuro da humanidade.
A pintura de Jorarsaa tem um suporte de espiritualidade, no sentido universal do termo, e uma definição plástica de acordo com nosso tempo.
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| Nasceu em Oruro, Bolívia, em 17 de fevereiro de 1928. Vive e trabalha em La Paz, Bolívia.
Exposição individuais
1996 Jorarsaa, Centro de Cultura Arquitectura y Arte, Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1994 Jorarsaa, Centro de Cultura Arquitectura y Arte, Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1993 Paisage Litico Andino, Espacio Portales, Fundación Patiño, La Paz, Bolívia. 1993 Jorarsaa, Centro de Cultura Arquitectura y Arte, Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1992 Jorarsaa, Medical Center, Portland, Oregon, Estados Unidos. 1991 Collage Eletrônico, Pintura y Computación, Espacio Portales, Fundación Patiño, La Paz, Bolívia. 1990 Rincones de La Patria, Galeria Arte Unico, La Paz, Bolívia. 1990 Jorarsaa, Galeria de Arte Emusa, La Paz, Bolívia. 1988 Jorarsaa, Galeria de Arte Emusa, La Paz, Bolívia. 1986 Jorarsaa, Galeria de Arte Emusa, La Paz, Bolívia. 1986 Homenaje a La Plata, Embajada Argentina, La Paz, Bolívia. 1982 El Precio de la Libertad, Salon Cecilio Guzman de Rojas, La Paz, Bolívia. 1982 Casa de la Cultura Municipal, La Paz, Bolívia. 1981 Del Misterio de los Andes y Tiahuanacu, Museo Nacional de Arte, La Paz, Bolívia. 1975 Jorarsaa, Museo Nacional de Arte, La Paz, Bolívia. 1965 Jorarsaa, Peña de Bellas Artes, La Plata, Argentina.
Exposições coletivas
1996 La Cruz Cuadrada, Tercer Encuentro de Cosmovisión Andina Amazónica, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1996 Efemérides de Oruro, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1995 La Cruz Cuadrada, Segundo Encuentro de Cosmovisión Andina Amazónica, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1994 La Cruz Cuadrada, Primer Encuentro de Cosmovisión Andina Amazónica, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1994 Artistas Bolivianos, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1993 Formato Pequeño, Centro Cultural de Arquitectura y Arte; Taipinquiri, La Paz, Bolívia. 1992 La Paz Expo Art, Anglo Americans Women, Embaixada Americana, La Paz, Bolívia; Circumstances, Myth and Abstraction in Bolivian Contemporary Art, Fundo Monetário Internacional, Washington, Estados Unidos. 1991 La Paz Expo Art, Anglo Americans Women, Embaixada Americana, La Paz, Bolívia; Arte Boliviano Contemporaneo, Museo Nacional de Arte, La Paz, Bolívia. 1990 La Paz Expo Art, Anglo Americans Women, Embaixada Americana, La Paz, Bolívia. 1986 La Montaña Paceña, Casa de la Cultura, La Paz, Bolívia. 1986 El Desnudo, Galeria de Sarte Emusa, Laz Paz, Bolívia. 1977 Universidad Tecnica de Oruro, Oruro, Bolívia. 1968 Tercer Salon Libre de Pintura, La Plata, Buenos Aires, Argentina. 1966 Semana Cultural Boliviana, Museo de la Nación, Lima, Peru; Salon de Primavera, Peña Bellas Artes, La Plata, Argentina; Salon Agosti, Vago y Sturla, Quilmes, Argentina; Primer Salon Libre de Pintura, La Plata, Buenos Aires, Argentina. 1965 Salon de Primavera, Peña Bellas Artes, La Plata, Argentina.
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